Quadrilha invade casas, agride e mantém em cárcere supostos rivais em Tangará da Serra

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Dois suspeitos que tocaram o terror no bairro Jardim Califórnia, em Tangará da Serra (251 km de Cuiabá), foram presos nesta terça-feira (16), acusados de invadir casas e ameaçar de morte supostos integrantes de facções rivais. Os homens passaram por duas residências da vizinhança para identificar os alvos e mantiveram os prováveis inimigos amarrados com fio de extensão. Mais tarde, uma mulher e dois homens, que também participaram indiretamente da ação criminosa, foram presos pela polícia.

Conforme informações da Polícia Militar, uma equipe do raio foi solicitada para atender uma ocorrência de cárcere. Quando os agentes chegaram ao local, entraram na casa e identificaram as vítimas amarradas com fios de extensão. Quando os suspeitos viram a polícia, fugiram pulando diversos muros e telhados. A equipe policial se dividiu em duas e acompanhou a fuga dos homens.

Os policiais entraram em uma casa, onde estaria um dos acusados. Ao passar por uma construção que havia na casa, o suspeito atirou nos agentes. Foi dada ordem para soltar a arma, que não foi obedecida. O criminoso atirou novamente e os policiais revidaram, quando o homem caiu no chão. A polícia se aproximou e se certificou de que o homem estava armado, mas ele não mostrou nenhuma resistência. Os policiais chamaram o Samu e o acusado foi socorrido ferido, mas com sinais vitais.

Depois, em outra rua, o segundo suspeito fez disparos de dentro de um terreno baldio contra a polícia ao observar que estava cercado. Os agentes revidaram os disparos, momento em que o suspeito dispensou a arma em uma casa e fugiu. Apesar da tentativa de fuga, o homem foi preso.

Os agentes voltaram até a casa em que estavam as três vítimas e as soltaram. Segundo informações de um dos reféns, os acusados perguntaram se ele pertencia a alguma facção e o ameaçaram de morte. Os acusados ainda mantiveram a arma a todo momento na cabeça do refém e fizeram chamada de vídeo com outros criminosos para decidir se iriam matá-los na casa ou em uma região de mata.

Os suspeitos ainda amarraram as vítimas e fizeram várias perguntas. Os acusados também pegaram o celular do refém e o fizeram desbloqueá-lo. Eles ainda pegaram a chave da moto da vítima e quebraram os retrovisores do veículo.

Outro refém relatou à polícia que foi abordado no portão da residência quando estava saindo. Os suspeitos o mandaram deitar no chão e ele foi amarrado com o fio. Conforme informações da polícia, os acusados ameaçaram a vítima de morte por supostamente ser do Primeiro Comando da Capital (PCC), falando que ele teria ido para a cidade para fortalecer a facção. O refém recebeu uma coronhada na cabeça, que causou um corte. Eles ainda teriam feito várias perguntas sobre os reféns serem faccionados.

Outra vítima relatou aos agentes que os acusados o abordaram no quarto. Ele foi jogado no chão e amarrado com o outro refém. Ele também levou duas coronhadas na cabeça e, durante uma delas, a arma disparou. A vítima contou também que eles faziam perguntas sobre se eram de facção, indagaram sobre alguns nomes e o ameaçaram de morte o tempo todo.

Outras duas vítimas chegaram à delegacia dizendo que também foram enquadradas pelos suspeitos. Que foram ameaçados e obrigados a desbloquear o celular. Os acusados ainda teriam ficado com a arma na cabeça de um dos reféns. O criminoso, então, teria feito uma chamada de vídeo com outros comparsas. Como os suspeitos não acharam nada com as vítimas sobre facções rivais, mandaram que ficassem quietos e não chamassem a polícia. Os homens deixaram o local e entraram na casa ao lado, onde renderam as demais vítimas.

Um dos vizinhos disse à polícia que um carro Audi preto estaria passando diversas vezes naquela rua e que poderia ser um carro de apoio. Durante as providências que estavam sendo tomadas pela polícia, apareceu outra suposta vítima na unidade relatando que seu celular havia sido roubado. A mulher, porém, foi reconhecida por umas da vítimas, dizendo que ela estaria no veículo Audi. A acusada estaria passando pelo local e apontando para a casa como se estivesse mostrando onde seria cometido o crime.

Foi perguntado à mulher se ela estava no carro de apoio, quando disse que sim. Ela relatou que estava mostrando as residências dos possíveis faccionados rivais. Contou também que teria sido ameaçada com uma arma para que apontasse onde seria a casa das prováveis vítimas de uma facção rival. Disse ainda que teria sido levada ao local, juntamente com outra jovem, ainda não identificada. A mulher confessou a participação no crime e disse que mentiu sobre o roubo do celular para recuperar o aparelho, que estava com um dos criminosos.

Pelo fato de a mulher estar em flagrante, os policias foram até a residência ponto de apoio da quadrilha que realizou a tentativa de homicídio. Ao chegar à casa, o Audi foi visto em frente ao lugar. Quando os policiais entraram na garagem, outros suspeitos fugiram pelos fundos. Um dos homens jogou seu celular no chão. Os agentes conseguiram abordar os suspeitos logo em seguida. Em revista na casa, foi localizado todo material vinculado. Os outros suspeitos também foram presos.

No bolso de um dos acusados que cometeram o cárcere foi encontrada a chave de uma moto Yamaha Fazer, usada no crime. O boletim de ocorrência foi confeccionado e a moto, encaminhada à delegacia para as medidas cabíveis.

Dentre os outros materiais apreendidos estavam uma pistola 380, um revolver 38, seis munições 38, sete munições 380 intactas, um celular IPhone, um celular Samsung e uma moto Yamaha.

Já na casa, os materiais apreendidos foram 40 papelotes de maconha, uma pedra grande de pasta-base de cocaína, quatro celulares, uma balança de precisão, uma carteira com documentos e dois rolos de papel film. (HNT)