O preço dos principais fertilizantes teve um reajuste de mais de 350%, saindo de uma média de 350 dólares por tonelada, na safra passada, para 1,3 mil dólares por toneladas na safra deste ano, um percentual de reajuste que, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), pode gerar desabastecimento de alimentos no mercado mundial.
Esse impacto no aumento dos preços, conforme Fernando Cadore, presidente da entidade, não será sentido apenas pelo produtor rural, mas também vai afetar o consumidor final, o cidadão, que terá menos alimentos nas prateleiras do supermercado. Como Brasil e Mato Grosso são grandes produtores, o efeito pode ter escala global.
“Sugerimos, nesta semana, à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que acione o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), cobrando explicações das empresas sobre o reajuste no preço considerado pelo setor produtivo como “abusivo e inexplicável” ou mesmo como “formação de cartel”, ou seja, com intuito de gerar lucro às poucas indústrias que atuam no país”, afirma Cadore.
Além do cloreto de potássio (KCL), que variou de 350 para 1,3 mil dólares por tonelada de uma safra para a outra, o fosfato monoamônico, conhecido pela sigla MAP, saiu de um média de preço de 480 dólares para 1,4 mil dólares por tonelada da safra anterior para a atual. Frente à situação, a Aprosoja-MT alerta que os valores atuais são “impraticáveis” e devem inviabilizar a produção agrícola no Brasil.
“Precisamos que o CADE e a nossa bancada parlamentar nos ajudem a encontrar explicações, porque foi um reajuste de quase 4 vezes, que não se justifica pelo aumento no preço dos combustíveis, além disso, queremos compartilhar com as indústrias de fertilizantes as possíveis consequências de um desabastecimento mundial de alimentos”, afirma Cadore.
Em relação às empresas, a americana Mosaic, uma das maiores fornecedoras de fertilizantes do mundo, registrou lucro líquido de US$ 1,18 bilhão no primeiro trimestre deste ano, resultado 653% superior ao do mesmo período de 2021, conforme relatado pela imprensa nacional.
Ainda para Cadore, “toda empresa, como atividade econômica, visa lucro, mas a geração de caixa exorbitante de uma das maiores fornecedoras de fertilizantes mundial chama a atenção para os atuais preços praticados. Essas empresas, em caso de desabastecimento alimentar, também deverão ser responsabilizadas, já que com os atuais preços desses insumos, a agricultura pode se tornar impraticável no país”.
O presidente da Aprosoja-MT esteve na segunda e terça-feira (23 e 24.05) em Brasília para reunião com o com os ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Marcos Montes, e Meio Ambiente (MMA), Joaquim Leite. Também participou de reunião com o presidente da FPA, o deputado federal Sérgio Souza, quando colocou a questão dos fertilizantes, tema que já preocupa os produtores mato-grossenses.
Fonte: Folhamax