Produtores de MT buscam rota para o Pacífico, que pode reduzir frete em 30%

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Produtores de soja e milho de Mato Grosso estão percorrendo a “Rota Bioceânica”, que liga o oceano Atlântico ao Pacífico. A rota é um sonho antigo do agronegócio mato-grossense, pois tem potencial de reduzir significativamente o custo e o tempo de frete até a China, principal destino das exportações do estado.

Edeon Vaz, diretor-executivo do Movimento Pró-Logística e consultor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de MT (Aprosoja-MT), explica que o objetivo do “Estradeiro Bioceânico” é avaliar as oportunidades dessa rota para Mato Grosso.

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Estudos realizados pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil apontam que a rota poderia reduzir em até 30% os custos de transporte de cargas entre Brasil e China, além de reduzir em 23% o tempo de viagem. Porém, ainda restam algumas obras de engenharia a serem concluídas.

“O que ‘fecha a conta’ nessa rota, e é isso que nós estamos avaliando, é o transporte por contêineres. Já está comprovado que isso ‘fecha a conta’ para o Mato Grosso do Sul. Agora, nós estamos avaliando como é que isso poderá ser utilizado por Mato Grosso. Nessa avaliação, estamos indo tanto a Antofagasta quanto a Iquique, que é um grande porto de contêineres”, explica Edeon Vaz.

Ao que tudo indica, o projeto da Rota Bioceânica tem apoio dos países envolvidos. Reuniões multilaterais realizadas ao longo do ano passado deixaram evidente o empenho dos governos em viabilizar a estrada. O traçado foi definido em 2017, perfazendo um total de 2.400 km entre Campo Grande e Antofagasta, no Chile.

Entre os entraves para concretização da rota está a conclusão da ponte entre Brasil e Paraguai, ligando Porto Murtinho e Carmelo Peralta. Além disso, resta um trecho de 250 km a ser pavimentado no Paraguai.

O “Estradeiro Bioceânico” começou no último sábado (12), com um grupo de mais de 10 produtores associados da Aprosoja-MT saindo de Cuiabá em direção ao “corredor”. A Rota Bioceânica inicia no Porto de Santos, passando por Mato Grosso do Sul, Paraguai, Argentina e Chile. Porém, o caminho feito pelo Estradeiro foi iniciado já na capital de Mato Grosso do Sul.

No primeiro dia do Estradeiro, os produtores saíram de Cuiabá em direção a Campo Grande (MS) e, no segundo dia, a Porto Murtinho (MS). Já no terceiro dia, os produtores saíram de Porto Murtinho e entraram no Paraguai, passando por Carmelo Peralta, Lomo Plata, Marechal Estigarribia e Pozo Hondo, chegando em Salta, na Argentina, no 4º dia.

Durante os deslocamentos, os produtores também passaram por 250 km de estrada não pavimentada, visitaram a empresa FV Grãos, que faz a exportação de grãos de Mato Grosso do Sul para a Argentina, por meio da Hidrovia do Rio Paraguai, além de visitarem o Chaco paraguaio, uma região semiárida, que iniciou a produção de soja, milho, algodão, amendoim e outras culturas.

De acordo com o analista de logística da Comissão de Relacionamento e Logística da Aprosoja-MT, Orlando Vila, até o 4º dia foram 2.772 km percorridos pelos estradeiros. Já no 5ª dia, os produtores estão em Salta, onde estão comprando mantimentos e visitando autoridades locais para seguirem viagem dentro da Argentina.

De Salta, eles vão passar por Guemes, Perico e San Salvador de Jujuy, onde chegarão na região de fronteira de Paso de Jama, no Chile. De Peso de Jama, eles vão para San Pedro de Atacama e Calama, já no 7º dia. No dia seguinte, eles vão concluir a primeira parte do Estradeiro, chegando ao Porto de Antofagasta, no Chile.

De Antofagasta, eles vão para a região Norte do Chile, até Iquique, onde também há um porto de exportação. A ligação da produção brasileira a esses dois portos é importante para reduzir o tempo de viagem para os países asiáticos que compram do Brasil. De Iquique, os estradeiros retornam para Mato Grosso, passando pela Bolívia e entrando em MT pela região de Cáceres.

Fonte: Estadão de MT