“Já imaginou ser tachada de louca, de doida, de ver doença onde não tem?”, foi isso o que muita gente pensou de Branca Fernandes, mãe de Dimitry Fernandes Kalinowski, um jovem diagnosticado com autismo aos 15 anos. “Quando ele nasceu, eu esperava aquela pega no olhar, sabe? Que é quando há uma troca de olhar entre mãe e filho durante a amamentação, e há uma ligação muito forte nesse momento. E Dimitry não tinha isso”, contou. A reportagem é do Estadão de MT.
Segundo ela, suas suspeitas de que o filho tinha autismo vieram quando ele ainda era criança. “Para mim era um sinal. Eu sou nutricionista, sou da área da saúde, e por ser, a gente não tem receio de doença, convivemos com elas. Então quando o meu filho, na amamentação, não me olhava nos olhos fixamente, o comum dos bebes, eu sabia que era um sinal de autismo”.
Mais pra frente, o filho deu outros sinais e Branca percebeu que além do olhar, o filho não gostava que encostassem nele, fosse para ajudar na cama, para se vestir, ninguém podia tocá-lo. Demitry foi cuidado como uma criança autista, inclusive quando iniciou a fase escolar, onde a mãe dizia aos professores que o filho possuía Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“Eu já cuidava dele, mesmo sem diagnóstico, porque o Dimitry tinha características. Quando ele nasceu, na amamentação eu vi. Depois teve outras características como: parecia surdo, não se aconchegava no meu colo, eu não podia arrumar no berço. Ele não gostava do toque, o autista não gosta de toque”, disse.
Didaticamente falando o TEA, ou mais conhecido como autismo, é uma condição que afeta o desenvolvimento neurológico identificado por uma gama de características variáveis. Dentre elas, podemos citar a dificuldade de comunicação e interação social, atraso no desenvolvimento motor, hipersensibilidade sensorial e comportamentos metódicos ou repetitivos.
Paixão pelo automobilismo
Conforme o filho ia crescendo, Branca começou a perceber a paixão de Dimitry por corridas. Morador de Cuiabá, o rapaz é o primeiro piloto autista do Brasil a entrar para a história do automobilismo. “Desde pequeno ele gostava de coisas que rodavam, do som do motor e tudo mais. Como todo autista. Veja bem, não é o barulho, o autista gosta de som de motor. Não são todos, mas a maioria deles vai gostar de coisas que giram e de motor”, explicou Branca.
Segundo ela, o pai de Dimitry sempre gostou de carros e quando pequeno, sempre alugavam fitas vídeo cassete (VHS) e o interesse do filho, além dos desenhos, era em filmes de super máquinas, possantes, carros ultra esportivos.
Na época, percebendo essa paixão do filho, com quatro pra cinco anos, os pais levaram Demitry para o Kart Indoor (os que ficam dentro de Shoppings Centers), e o garoto gostou muito. “Assim que ele nasceu nós compramos aqueles carrinhos elétricos, e quando começou a andar naquele carrinho já fazia manobras. Então quando ele foi pro kart, ele se achou”, contou aos risos.
Ao Estadão Mato Grosso, o jovem conta que sente felicidade ao realizar o sonho de ser piloto de kart. “Há muito tempo atrás eu descobri que gostava de carros e era isso que eu queria fazer. Eu não contei sobre a paixão por carros, mas meus pais sabiam que eu gostava muito. Eles só não sabiam que era isso que eu queria fazer”.
Segundo Dimitry, realizar o seu sonho também é uma conquista para outros autistas, visto que boa parte das pessoas com TEA não dirigem. “Se você tem um sonho, independentemente de qualquer coisa, corra atrás que você irá conseguir” disse.
Fonte: Estadão de MT
