Polícia investiga policial que ajudou empresária condenada pela morte de marido

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A Corregedoria da Polícia Civil abriu uma investigação para apurar quem seria o suposto policial pago por Ana Cláudia Flor, condenada a 18 anos de prisão por encomendar a morte do próprio marido em 2020, em Cuiabá. Caso seja comprovada essa suspeita, ela pode responder por corrupção ativa e o policial, por corrupção passiva.

Testemunhas falaram do suposto pagamento de propina de Ana Cláudia a um policial da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), onde o caso foi investigado.

O delegado Marcel Gomes de Oliveira afirmou que enviou o inquérito a Corregedoria da Polícia Civil para apurar a informação extraída de uma conversa entre Ana Cláudia e Viviane Flor, irmã de Toni.

Na conversa interceptada por telefone com Viviane, ela disse que tinha pago R$ 4.500 para ter informações privilegiadas das investigações e também sobre o depoimento de Igor.

Ana Cláudia falou ainda para a cunhada que o delegado não era corruptível e nem outro policial que tentou, apenas um terceiro policial da unidade que tentou corromper desde o começo do inquérito, que ela acompanhava de perto enquanto fazia manifestações pedindo justiça pela morte do marido.

Depois da prisão de Igor Espinosa, que atirou em Toni, segundo o delegado, Ana Cláudia disse que começou a se sentir ameaçada, com medo de ser delatada pelo atirador contratado.

Relembre o caso

Ana Cláudia e Toni da Silva Flor eram casados há 15 anos — Foto: Reprodução

Ana Cláudia e Toni da Silva Flor eram casados há 15 anos — Foto: Reprodução

O empresário, de 37 anos, foi assassinado a tiros no dia 11 de agosto, quando chegava em uma academia do Bairro Santa Marta, na capital. Durante as investigações, a mulher dele confessou ter pago R$ 60 mil para que os atiradores o matassem.

Segundo a polícia, o interesse na herança da vítima e a tentativa de esconder outros relacionamentos teriam motivado o crime, cometido por três homens.

A mãe de Toni, posteriormente, impetrou ação na Justiça pedindo que a acusada fosse declarada indigna de receber a herança deixada pelo marido, não podendo, portanto, vender quaisquer bens que estivessem arrolados no inventário judicial.

O casal estava junto há 15 anos e tinham três filhas.

Ana Flor está presa na Penitenciária Feminina “Ana Maria do Couto May”, na capital, desde 19 de agosto do ano passado, durante a Operação Capciosa, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O atirador foi preso antes, no dia 11 do mesmo mês. Enquanto a mulher que ajudou Ana a planejar a execução, no dia 27 de agosto.

O crime

O atirador abordou o empresário em frente ao estabelecimento. De cabeça baixa, perguntou pelo nome dele e, ao responder, Toni foi baleado.

Ele correu para dentro da academia, onde foi socorrido e, depois, levado para o Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), onde morreu dois dias depois.

A arma do crime foi jogada no Lago do Manso.

Depoimentos

À polícia, o homem que efetuou os cinco disparos contra Toni confessou que Ana Cláudia negociou R$ 20 mil com cada criminoso pelo assassinato.

Durante o depoimento de Ana Cláudia, algumas perguntas feitas por ela causaram estranheza à polícia, como o questionamento sobre imagens do local do crime e se apenas a confissão do atirador poderia condenar alguém.

Em 2019, Ana registrou um boletim de ocorrência onde afirmou que foi agredida por Toni, após ele flagrar uma conversa dele com outro homem por um aplicativo de mensagens.

A Polícia Civil informou, no avanço do inquérito, que apurava a ligação dos supostos amantes com o assassinato de Toni.

Fonte: G1 MT