Gustavo Henrique Albues, 20 e Jhony Marlon Camargo de Souza, 22, foram indiciados pela Polícia Civil por tortura continuada e roubo qualificado com restrição de liberdade da vítima. A dupla é responsável pela agressão filmada contra um mecânico de Tangará da Serra (231 km ao Médio-Norte de Cuiabá), que circulou nas redes sociais no começo do mês e causou revolta na população. Gustavo foi preso em Cuiabá no dia 8 e Jhony em uma fazenda da região no mesmo dia.
O inquérito que investigava o caso foi concluído na quinta-feira (17) pelo delegado Adil Pinheiro. Na investigação, foi confirmado que a vítima ainda passou por outras sessões de tortura além da que foi filmada pelos agressores. Ainda no mesmo dia, ele apanhou por mais duas vezes. Ou seja, foram 3 sessões de torturas submetidas pelos criminoso, sendo indiciados pelo crime de forma ‘continuada’.
Já o caso de roubo qualificado se configura porque durante a ação, a vítima foi abrigada a retirar o painel central do carro de um cliente que estava na oficina e obrigado a colocar no veículo do autor da tortura, que é da mesma marca e modelo do suspeito. Os outras sessões de tortura só foram descobertas com a ajuda de uma testemunha, que chegou a ir ao local com os suspeitos, mas não sabia que ocorriam as agressões. Delegado afirmou que a testemunha chegou a intervir, para evitar que as agressões continuassem, mas sem sucesso.
“Esse roubo foi praticado exatamente para que a peça fosse colocada no carro do suspeito. A testemunha foi ouvida nos autos e ficou comprovado que ela chegou a impedir que acontecesse algo pior com a vítima”, explicou o delegado. Também foi descoberto que um cliente chegou na oficina no momento em que os suspeitos estavam no local, mas ele não chegou a flagrar as agressões. Ele só conseguiu identificar a presença dos suspeitos.
“Portanto os indiciados permanecem os mesmos suspeitos já identificados e responderão não só pelo crime de tortura, mas também pelo roubo qualificado pelo concurso de pessoas e restrição de liberdade da vítima, tendo em vista que eles fecharam a porta da oficina impedindo que a vítima saísse, assim como que outras pessoas entrassem no local”, finalizou.
‘Se apanhou é porque fez algo’
Gustavo chegou a gravar um vídeo ‘justificando’ o ato e pedindo desculpas à população, que está revoltada com a atitude dele. Para piorar a sua situação, ele afirma que a vítima ‘não apanhou de graça’ e que ‘se apanhou é porque fez alguma coisa’.
“Realmente foi por causa de dinheiro. Não foi por R$ 200, R$ 300, R$ 400, igual todo mundo tá falando. Outra, o rapaz da filmagem, o prejudicado, provavelmente ele não apanhou de graça. Isso todo mundo sabe. Ele apanhou porque fez alguma coisa”, dispara o agressor. Em seguida, ele reafirma o pedido de desculpa.
“Nada justifica ter feito o que eu fiz, ainda mais gravar, entendeu? Ele não reagiu, não tinha gente armada, nem nada. Ele pode comprovar isso”. Assim que o vídeo ganhou repercussão, populares começaram a dizer que a vítima não reagiu, pois estava sendo coagida por pessoas armadas que assistiam a agressão. Nada foi confirmado.
Nas imagens da agressão, a vítima leva tapas, socos, chutes no estômago e ainda é humilhado. Em determinado momento, chega a levar uma garrafada na cabeça.
Fonte: Gazeta Digital