A quadrilha alvo da Polícia Civil de Mato Grosso, na manhã desta quinta-feira (3), em Sorriso (420 km ao Norte de Cuiabá) e na região Médio-Norte, é formada por ex-membros das duas maiores facções criminosas do Brasil – o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Os bandidos se uniram para formar uma nova organização criminosa e, depois, integraram o PCC, facção com base em São Paulo.
O nome da organização é Tropa do Castelar, conforme informações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), que está na linha de frente das investigações..
A dissidência no grupo teria ocorrido após conflitos internos e expulsões.
“Surge uma revolta interna, e aqueles que são expulsos, geralmente decretados pelo chamado ‘tribunal do crime’, acabam tendo duas opções: ou fogem do estado ou se fortalecem criando novos grupos. Esses indivíduos, para sobreviver, acabam fundando novas facções dissidentes e, em algum momento, acabam sendo absorvidos por outras organizações, como a facção paulista”, explicou o delegado Antenor Pimentel Marcondes, da GCCO..
A Operação cumpriu 27 ordens judiciais, 21 mandados de prisão e três de busca e apreensão e 11 prisões em Mato Grosso e em outros estados, como São Paulo, Paraná, Maranhão e Pará.
A Operação Yang é um desdobramento direto do trabalho iniciado em Sorriso, que já havia resultado em mais de 100 prisões em 2023, com a Operação Recovery.
Segundo a Polícia Civil, as investigações continuam para localizar outros membros da Tropa do Castelar, que já foram identificados e estariam foragidos em estados como São Paulo, Maranhão, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Ação desta quinta-feira teve como objetivo desarticular as atividades exercidas pela nova facção criminosa.
Ao todo, foram expedidos mandados nos municípios de Sorriso, Nova Canaã do Norte, Cáceres, Várzea Grande, Santa Inês (MA), Belém (PA), São José dos Pinhais (PR), além das cidades de Osasco e São Paulo (SP).
Foram expedidos 21 mandados de prisão preventiva, dos quais 12 foram cumpridos.
Desses, 11 criminosos já estavam detidos em unidades penitenciárias de Mato Grosso.
A investigação aponta que a facção criminosa era altamente estruturada, com divisão de tarefas e hierarquia clara (por meio de regionais, cargos e funções), objetivando vantagens ilícitas com práticas penais graves, como homicídios, tráfico de drogas e sequestros.
A estrutura contava com a ocupação de cargos específicos como “Geral do Estado”, “Coringa Geral”, “Hórus”, “Regionais”, “Disciplina”, “14”, “missionário”, “irmão”, “companheiro” (CP) e “família” (FML), sendo cada função responsável por atribuições operacionais ou disciplinares, dentro da estrutura da organização criminosa.
O controle dos integrantes e das atividades da facção criminosa era mantido por meio de uma lista denominada “Tabuleiro de Numerada”.
TROPA DO CASTELAR – Ordens de execuções consideradas “injustas” por parte de lideranças do Comando Vermelho (CV) a membros atuantes na facção criminosa que predomina em Mato Grosso resultaram em uma ruptura interna.
O grupo dissidente cricou a “Tropa do Castelar”, um grupo criminoso que ajudou a elevar o número de homicídios no Estado.
O surgimento da Tropa do Castelar, que em alguns municípios se aliou ao Primeiro Comando da Capital (PCC), desencadeou uma guerra entre os grupos na disputa pelo comando do tráfico de drogas na região norte e médio norte do Estado.
A matança dos dois lados provocada por essa guerra elevou em 450% os homicídios na cidade de Sorriso, que passou a ser conhecida como “Cidade do Crime”. (Diário de Cuiabá)