Poconé está entre as cidades com mais focos de queimadas do país

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Em 2020, o Pantanal tem sofrido com sucessivos recordes de devastação ambiental. O crescimento de focos de queimadas no bioma já é de 240% no comparativo de janeiro a 13 de agosto de 2020 e o mesmo período do ano anterior. Um dos pontos mais críticos está a 104 km de Cuiabá, no município de Poconé, considerado berço da maior planície interna inundável do mundo.

A cidade, está entre as com mais focos de calor do país, de acordo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Imagens de satélite processadas na  Divisão de Geração de Imagens (DGI) do instituto apontam que o município poconeano é o quarto em todo o Brasil que mais tem sofrido com o fogo no acumulado do ano, somando 1156 focos. Desse modo, está atrás somente de Corumbá-MS (3967), Apuí-AM (1790) e Altamira-PA (1583).

De acordo com a classificação do engenheiro agrônomo, biólogo e estudioso do bioma, Jorge Adámoli, a sub-região do Pantanal de Poconé (são 11 ao todo), cobre sozinha  11% do Pantanal Brasileiro, com uma área de 17.945 km². Nesta semana, parte da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), que está localizada parcialmente no município, teve 35 mil hectares destruídos pelo fogo.

Parte das chamas que consomem o Pantanal tem sua origem no agronegócio, como explica Vinicius Silgueiro, engenheiro florestal coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do Instituto Centro de Vida. “Quando olhamos onde esse fogo está acontecendo, pelo menos no Pantanal mato-grossense, mais da metade é em imóveis rurais com CAR, para o uso agropecuário. Então, podemos fazer a inferência de que as queimadas foram iniciadas a partir de práticas para o uso agropecuário, seja para a limpeza de uma área desmatada para o pasto, seja fogo para a renovação da pastagem. Por estar com menos chuva, o fogo avança e toma proporções de incêndio”, afirma.

Nesta sexta-feira (14), 26% de todos os focos de queimadas do estado estão concentrados em Poconé. A lista é seguida de Colniza, em segundo lugar concentrando 13,8% dos focos, e Barão de Melgaço, outro importante braço do Pantanal mato-grossense, com 12,1% dos focos. Em todo o estado, o bioma é o que mais sofre atualmente. Com 117 focos ativos somente hoje, o Pantanal representa 40,5% dos focos em Mato Grosso, seguido da Amazônia (36,3%) e do Cerrado (23,2%).

Primeiros 10 dias de agosto superam todo o mês de julho

O início do mês demonstrou a escalada preocupante das queimadas no Pantanal em Mato Grosso neste ano. Nos primeiros 10 dias de agosto, foram registrados 1.074 focos de calor na porção mato-grossense do bioma, número 62% maior do que o contabilizado em julho inteiro, com 662 focos.

O dado também demonstra um aumento de 484% em relação ao contabilizado em todo o mês de agosto de 2019, quando foram registrados 184 focos de calor. Os dados são do Inpe e foram reunidos por meio da ferramenta Monitor das Queimadas, do ICV.

Fonte: PNB Online