O empresário Ricardo Sguarezi é ex-sócio da Cervejaria Cuyabana, alvo da operação “Cupincha”, da Polícia Federal. Deflagrada nesta quinta-feira (28), as diligências apuram a suspeita de que a organização, que atua no setor de bebidas, estaria “lavando dinheiro” desviado da secretaria municipal de saúde de Cuiabá por meio de contratos com a Paulo Jamur Sociedade Individual. A empresa presta serviços à pasta e leva o nome de seu proprietário, Paulo Roberto de Souza Jamur.
Ricardo Sguarezi é uma das peças centrais de um esquema de fraudes em licitações na Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), reveladas pela operação “Rêmora”, no ano de 2016. Na ocasião, as diligências foram realizadas pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), e apuram o pagamento de propina a políticos que faziam parte do primeiro escalão da gestão do ex-governador Pedro Taques.
Os repasses ilícitos eram realizados por empresários tanto para o recebimento por serviços prestados à Seduc, quanto para serem “municiados” de informações privilegiadas que lhes garantiam vantagens em licitações em relação a empresas que não faziam parte do esquema.
Ao contrário da operação “Rêmora”, entretanto, Ricardo Sguarezi não foi alvo das diligências da Polícia Federal realizadas nesta quinta-feira. Em relação às fraudes na Seduc-MT, o empresário se tornou delator das fraudes e revelou ao menos dois pagamentos feitos ao também empresário Giovani Guizardi – outra peça central do esquema -, e que possuía “trânsito” com o ex-secretário da pasta, Permínio Pinto Filho.
De acordo com Sguarezi, entre 2015 e 2016, um “repasse” de R$ 45 mil, e outro de R$ 50 mil, foi pago a Guizardi para que a Seduc-MT realizasse o pagamento às empresas Relumat e Aroreira, que prestou serviços na pasta, e que são de propriedade do próprio Sguarezi.
COMPRA SUSPEITA
A Cervejaria Cuyabana, por sua vez, sofre uma “suspeita dupla” da Polícia Federal. Além de fazer parte de um esquema de lavagem de dinheiro na secretaria municipal de saúde de Cuiabá, a própria compra da empresa, em fevereiro de 2021, pode ter sido feita com recursos desviados da pasta.
O delegado da Delegacia Especializada em Combate a Corrupção da Polícia Federal (Delecor), Charles Vinicius Cabral, preside o inquérito da operação “Cupincha”, e admitiu que a Cervejaria Cuyabana pode ter sido adquirida como mais um dos atos de lavagem de dinheiro. “A investigação trabalha com a hipótese de que o dinheiro usado para comprar a cervejaria pode ter sido objeto de desvio de recursos públicos, talvez não necessariamente do município de Cuiabá, pode até ser de outro, mas esse é elemento que as provas no inquérito indicam”, disse a jornalistas.
O delegado Charles Vinicius Cabral sugere que, além de Cuiabá, outras cidades também poderiam fazer parte do esquema. Nesse sentido, empresas de Curitiba (PR) seriam alvos da investigação, tendo em vista que o empresário Paulo Roberto de Souza Jamur foi detido nesta quinta-feira na capital paranaense.
As investigações apontam, ainda, que a Cervejaria Cuyabana estaria no nome de dois “laranjas”, conforme o delegado informou. “Surgiram indícios bastante claros que aproximavam a transferência da cervejaria a essas duas pessoas”.
A Polícia Federal apura se o ex-secretário de Saúde, Célio Rodrigues, é um “sócio oculto” da cervejaria.
Fonte: Folhamax