A Polícia Federal cumpriu, nesta terça-feira (13), seis mandados de busca e apreensão nas cidades de Primavera do Leste e Cuiabá, durante mais uma etapa da Operação Sisamnes, que investiga um esquema de compra e venda de decisões judiciais envolvendo gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O ex-presidente da Ordem dos Advogados de Mato Grosso (OAB-MT), Ussiel Tavares, é um dos alvos da operação. As identidades dos outros envolvidos não foram divulgadas.
Em nota, a defesa do ex-presidente informou que desconhece a decisão que embasou o pedido de busca e apreensão e que se coloca à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários.
Já a OAB MT disse que acompanhou a operação para garantia das prerrogativas e que o caso será avaliado pelo Tribunal de Ética e Disciplina (TED) para as medidas cabíveis.
Os investigados são suspeitos de envolvimento em corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, operação ilegal no mercado de câmbio e organização criminosa.
A decisão inclui ainda o bloqueio de cerca de R$ 20 milhões em bens e valores, a apreensão de passaportes e a proibição de saída do país por parte dos investigados. Outros cinco mandados foram cumpridos em São Paulo e no Distrito Federal.
A Operação Sisamnes teve início após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, em Cuiabá. O caso levou à descoberta de um esquema de venda de decisões judiciais em Mato Grosso, que posteriormente se estendeu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Investigações
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Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados — Foto: Reprodução
Em novembro de 2024, três servidores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) foram afastados por suspeita de participação no esquema.
Em agosto do mesmo ano, mensagens extraídas do celular de Zampieri resultaram também no afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho.
Caso Zampieri
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Roberto Zampieri, de 57 anos, foi assassinado no dia 5 de dezembro de 2023, em Cuiabá — Foto: Reprodução
O advogado Roberto Zampieri foi morto com 10 tiros dentro do próprio carro em frente ao escritório. Ele foi surpreendido por um homem de boné, que disparou pelo vidro do passageiro, e fugiu em seguida. Segundo a Polícia Militar, o advogado saía do escritório que trabalhava quando o crime aconteceu.
O delegado da Polícia Civil, Nilson Farias, disse que o atirador aguardava o advogado na frente do escritório e que a vítima tinha um veículo blindado há mais de 5 anos.
Conforme as investigações, foi verificado que existe uma demanda de duas fazendas em Paranatinga, a 411 km de Cuiabá, avaliadas em cerca de R$ 100 milhões, e que a perda dessas propriedades na Justiça teria levado Aníbal a mandar matar o advogado. Além disso, o mandante desconfiava de uma suposta aproximação de Zampieri com o desembargador do caso.
Desde então, os dois magistrados estão sendo monitorados por tornozeleira eletrônica, informou a PF. Eles também tiveram os passaportes apreendidos, além de bloqueio de bens e valores. (Fonte: G1 MT)