Um perito, que não teve o nome divulgado, afirmou que o agente socioeducativo Alexandre Miyagawa de Barros, de 41 anos, identificado pelo apelido de “Japão”, não teve chance de defesa. O servidor foi morto pelo vereador por Cuiabá, Tenente Coronel Paccola (Republicanos), na noite de sexta-feira (1°), após supostamente ter ameaçado a namorada em Cuiabá.
De acordo com o perito, que analisou o vídeo para o Jornal Gazeta, conforme publicação feita na edição impressa desta quarta-feira (6), em que o vereador aparece atirando no agente, as imagens não mostram Alexandre empunhando a arma de fogo na direção do parlamentar. A afirmação do perito é contrária à alegação de Paccola.
O parlamentar alegou que deu voz de prisão, identificando-se como policial e ordenou para que Alexandre soltasse a arma. Consta no boletim de ocorrência, que a vítima teria esboçado uma reação contra o parlamentar e foi alvejada no local.
“Quem vai atirar segura a arma com as duas mãos, fato que é de conhecimento de profissionais da área de segurança pública, como o vereador que é atirador experiente”, explicou.
O perito pontuou ainda que no máximo a tese de defesa que poderia ser adotada pelo atirador seria a de legítima defesa putativa de outrem ou terceiros.
Já o especialista em Ciências Políticas e Sociais, o professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), João Edisom de Souza, afirmou, também ao jornal A Gazeta, que Paccola cometeu um assassinato.
“Não existe nada correto em tudo isso que aconteceu. Houve um assassinato. Mas ali não, ele estava como um agente público, na função de vereador, função de ajudar as pessoas, de inclusão. Não existe inclusão ao atirar”, alegou.
Por meio de nota, a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) afirmou que as análises periciais estão em andamento e serão concluídas dentro do prazo necessário.
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VERSÃO DA NAMORADA
A companheira do agente socioeducativo também contesta a versão do parlamentar. Segundo versão de Paccola, o disparo ocorreu após ele presenciar Alexandre ameaçando sua esposa com uma arma.
Janaina, no entanto, diz que Paccola já chegou atirando.
“Eu parei para um xixi aqui na porta da ASD (empresa de serviços tercerizados), e por azar do dia, Pacolla estava aqui no Bebida, Gelo e Carvão. Eu parei para fazer um xixi aqui na rua porque a gente ia no Choppão. Como a empresa é aqui, eu desci meio um pouquinho na contramão e parei o carro. Fiz o xixi e aí ele (Alexandre) veio fazer a cobertura porque a rua é deserta, né. Pacolla saiu da distribuidora de lá para cá já atirando nele. E não teve confusão de trânsito, Pacolla atirou nele”, declarou Janaina em áudio encaminhado pelo Sindicato dos Profissionais do Sistema Socioeducativo.
Em vídeo publicado em suas redes sociais, Janaina aparece emocionada, reforçando que não houve ameaça e que a arma do agente estava na cintura, contestando outra versão de Paccola, que informou que a arma estava na mão da vítima.
Fonte: HNT