Para vereadores, versão da camisa vermelha da seleção brasileira é ‘comunismo’

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Os vereadores por Cuiabá Dilemário Alencar e Michelly Alencar, ambos do União Brasil, repudiaram a informação de que a seleção brasileira utilizará uma camisa vermelha (com detalhes em preto) como segundo uniforme na Copa do Mundo de 2026, conforme divulgado nesta segunda-feira (28) pelo site inglês Footy Headlines, especializado em uniformes de futebol. Para eles, a escolha é um aceno ao comunismo no Brasil.

Nas redes sociais, os dois vereadores criticaram a escolha da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a qual consideraram um aceno ao “comunismo” no Brasil.

“Querem, aos poucos, destruir nossos símbolos, nossa cultura, nossos valores. Nós não vamos aceitar o comunismo na nossa seleção”, publicou Dilemário.

“Estão tentando apagar as cores que representam o nosso povo, nossa bandeira e nossa história”, argumentou Michelly. “Verde e amarelo é símbolo de nação, de luta, de orgulho”, completou.

A informação gerou repercussão nacional entre políticos ligados à extrema-direita. “Nossa bandeira não é vermelha, e nunca será”, disse o senador Flávio Bolsonaro (PL) em suas redes.

O deputado José Medeiros (PL), líder do partido bolsonarista em Mato Grosso, chamou a ideia de “imbecil”.

‘Verde e Amarela’ virou símbolo partidário

Durante os últimos anos, a camisa amarela da seleção foi apropriada pelos bolsonaristas como símbolo do patriotismo. Apesar dos protestos da extrema-direita, a camisa vermelha não irá “substituir” o verde e amarelo. Segundo o próprio Footy Headlines, o uniforme tradicional continuará com a camisa amarela.

A seleção brasileira adotou o azul como a cor do segundo uniforme. Será a primeira vez na história que o Brasil usará uma cor diferente do amarelo, azul ou branco em uma Copa do Mundo.

Em 2023, a seleção chegou a usar uma camisa preta, em amistoso contra o racismo. Na oportunidade, o Brasil goleou Guiné por 4 a 1. Ainda não houve confirmação por parte da CBF sobre o novo uniforme, nem se ele será de fato usado no Mundial de 2026.

Comunismo na CBF?

Os vereadores Dilemário Alencar e Michelly Alencar integram o União Brasil, que integra o governo federal, chefiado pelo presidente Lula (PT). Ainda assim, repercutiram o argumento da extrema-direita nacional, tratando o uniforme como um aceno ao “comunismo”. Não há indícios, porém, de que o movimento da CBF tenha a intenção de defender ideias revolucionárias.

Uma matéria divulgada pelo Estadão revelou em detalhes a atuação da CBF dentro do Congresso Nacional, e a relação do presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, tanto com deputados de direita quando de esquerda, incluindo parlamentares do União Brasil, partido de Dilemário e Michelly, como José Rocha (UB-BA), amigo de Ednaldo, que atuou na CPI da Manipulação de Resultados, instalada em 2024, para impedir que o presidente da CBF fosse convocado para depor.

Seleção já usou vermelho

Não será um feito inédito na história caso a seleção entre em campo com a camisa vermelha. Em 1917, durante o Campeonato Sul-Americano de Futebol (que depois virou Copa América), o Brasil entrou em campo com uma camisa vermelha contra Chile e Uruguai, depois de perder um sorteio que definiria quem jogaria de branco – o uniforme padrão dos 3 times na época.

Quase duas décadas depois, em 1936, o Brasil perdeu outro sorteio, no mesmo Sul-Americano, quando iria enfrentar o Peru, que também jogava de branco. O torneio foi realizado na Argentina, e os brasileiros emprestaram o uniforme do Independiente, de Avellaneda, para a partida. (Gazeta Digital)