A tensão e o medo tomaram conta da rotina da família de Rafaela Lopes, cuiabana de 36 anos que há dois anos e meio mora na Turquia. Ao lado do filho de um ano e 10 meses e do marido, ela precisou deixar a casa da família na última segunda-feira (6) após a série de terremotos que vitimou mais de 17 mil pessoas, tanto na Turquia, quanto na Síria.
Em entrevista ao Gazeta Digital, a cuiabana que hoje mora em Adana, no sul da Turquia, contou que sentiu logo após o primeiro temor, se deparou com vizinhos gritando, correndo e deixando o apartamento em que eles moravam. Segundo ela, nas horas seguintes, o ambiente se tornou ‘um cenário de filme’.
“O primeiro tremor aconteceu por volta das 4h, eu estava dormindo em casa sozinha com neném. Acordei com barulho muito forte, vários objetos batendo, a minha lâmpada querendo cair. Quando acendi a luz, percebi que era um terremoto. Não sei descrever, é uma sensação inacreditável. Eu só peguei o meu filho e saí. Quando abri a porta do meu apartamento, estava a vizinhança inteira correndo pelas escadas. Pessoas desesperadas, criança chorando, idosos, um cenário de filme”, explicou.
Conforme os órgãos públicos do país, a cidade onde a cuiabana mora, Adana, foi a quarta que mais sofreu com o fenomeno. No primeiro tremor, um prédio próximo da casa de Rafaela desabou. Como forma de proteção e até entender o que estava acontecendo, ela e os vizinhos preferiram esperar nas ruas. Depois, pegaram seus pertences e foram para um local mais seguro, em um abrigo.
“Só consegui retornar por volta das 4h30, preparei uma malinha de emergência e quando eu estava quase saindo de casa, começou o terceiro tremor, que foi forte também. Daí começou tudo de novo, aquela cena das pessoas saindo pela escada e buscando abrigo na rua. A cidade já ficou um caos depois do segundo tremor. Fomos para um abrigo do governo e depois para um vilarejo que fica 40 km quilômetros, onde há abrigo provisório e seguro”, pontuou.
Frio e destruição
Sem poder retornar para suas casas, muitas pessoas estão ficando na rua. A Turquia está no auge do inverno e muitas pessoas estão fazendo fogueiras, em locais estratégicos, para manter o aquecimento do corpo. Já os abrigos estão sobrecarregados. A cidade registra ainda falta de alimentos nas prateleiras dos mercados, que ainda estão com portas abertas.
Diante do novo cenário, o marido de Rafaela tem sido um dos voluntários nas dezenas de áreas de trabalho. Ele está dirigindo um caminhão que faz doações e ajuda resgatar brasileiros que moram na região. A família vai retornar ao Brasil nos próximos dias. A intenção é ficar no país até a situação se normalizar.
“É tudo muito triste, por enquanto estamos seguros aqui, tentando ajudar o próximo como podemos, porque tem muita gente precisando de ajuda. É uma cena de filme, muito desesperador, mas a gente torce para que tudo fique bem e que consigam salvar mais e mais vidas ainda”.
O terremoto
Dois terremotos de grande magnitude abalaram a Turquia na segunda-feira (6), ambos de devastadores, o primeiro deles com 7,8 graus de magnitude e o segundo, com 7,5 graus.
Segundo imprensa local, até a tarde de quinta-feira (9), mais de 17 mil pessoas morreram soterradas. O ministro do Interior da Turquia, Suleymon Soylu, disse que diversas cidades foram afetadas: Iskenderun, Gaziantep, Kahramanmaras, Hatay, Osmaniye, Adiyaman, Malatya, Sanliurfa, Adana, Diyarbakir e Kilis.
Fonte: Gazeta Digital