Paciente diz que fez gravação após médico tentar beijá-la em consultório

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A paciente que denunciou o médico Ruy de Souza Gonçalves, de 67 anos, por assédio sexual durante uma consulta na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Pascoal Ramos, em Cuiabá, contou que passou a gravar a consulta após o profissional tentar beijá-la no consultório.

O médico foi preso em flagrante pela Polícia Militar, mas acabou solto ainda na segunda-feira (16), após audiência de custódia.

A entrevista da vítima, de 33 anos, foi à TV Centro América. Ela relatou que procurou atendimento médico na unidade, pois estava com sintomas de dengue. Logo ao entrar no consultório, teria sido vítima de comentários inadequados, que a deixaram desconfortável.

“No primeiro momento, ele fez uma brincadeira:  Você tá mentindo pra mim, eu não vou te atender e depois disse:  Sobre a sua idade, se eu te levasse pro motel, eu seria preso”, conta.

Neste momento, ele teria tentado beijá-la, mas foi empurrado. “Eu já percebi que não era um assunto de médico com paciente. Ele se levantou, colocou a mão nos meus dois ombros e tentou me beijar. Eu empurrei ele e ele voltou pra cadeira, como se nada tivesse acontecido. Aí eu comecei a gravar porque imaginei que não ia acabar por ali”, relatou  a vítima.

O comportamento inadequado não parou por aí, segundo a vítima. Ela gravou a consulta e flagrou o momento em que ele pede para a vítima lhe “dar um beijinho”. “Esse hemograma deve ficar pronto à tarde e aqui está o atestado de 5 dias. Agora me dá um beijinho aqui, dá”, teria dito.

A vítima se assusta com o pedido e repete várias vezes que não. Ela ainda reforça que não é lugar apropriado para isso, já que estava em um consultório médico, mas o profissional insiste dizendo: “dá sim, dá sim”.

Após sair da consulta, a mulher procurou a coordenadoria da unidade e relatou o que tinha acontecido.   A coordenadora acionou a Polícia Militar, que esteve no local e levou o profissional até a Central de Flagrantes.

A Secretaria Municipal de Saúde, em nota, confirmou o ocorrido e afirmou que aguarda o desdobramento das apurações realizadas pela delegacia para instaurar uma sindicância administrativa e tomar as providências cabíveis, de acordo com os protocolos legais. O médico já foi afastado das funções.

“Para garantir a continuidade do atendimento, outro médico foi designado para cobrir o plantão da unidade”, diz trecho.

Ainda na segunda, o médico passou por audiência de custódia e acabou solto pelo juiz Jurandir Florêncio de Castilho Júnior, do Núcleo de Audiências de Custódia de Cuiabá.

O magistrado entendeu que há provas da materialidade e indícios suficientes de autoria, principalmente pelos depoimentos dos policiais e da vítima, mas não achou ser necessária a segregação cautelar do médico.

Entre os argumentos está o fato do médico ser réu primário e que, mesmo solto, não deve atrapalhar no andamento das investigações.

“Posto isso, concedo a liberdade provisória sem fiança ao médico qualificado no auto”, diz trecho da decisão do magistrado. O suspeito, no entanto, terá que cumprir medidas cautelares, como comparecimento mensal em juízo para informar e justificar suas atividades; e proibição de ausentar-se da comarca em que reside por mais de oito dias sem autorização do juízo e/ou mudar-se sem atualizar o novo endereço.

A Polícia Civil investiga o caso.

O que diz o CRM

O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) foi acionado com base nas notícias veiculadas na imprensa, e o caso em questão foi enviado ao Tribunal de Ética para apuração.

É importante frisar que o CRM-MT não fornece informações sobre qualquer procedimento administrativo em trâmite, assegurando o sigilo previsto em lei.

Fonte: RD News