Lojistas do Centro Histórico de Cuiabá vêm sendo atormentados e impactados financeiramente por uma onda de furtos nas últimas semanas. E o foco dos assaltantes têm sido o cobre das fiações elétricas. Em geral os ladrões o vendem para comprar droga.
O MidiaNews visitou as lojas, localizadas nas redondezas do calçadão da Galdino Pimentel, e ouviu dos empresários que eles já não suportam mais a onda de furtos.
Alguns lojistas pensam em se mudar por conta da forte incidência de assaltos e cobram um maior policiamento à noite.
O sapateiro Fábio de Paulo Machado, de 41 anos, já presenciou inúmeras tentativas de assalto às lojas vizinhas, e sempre tentou denunciar, porém sem “flagrante”, sem sucesso.
Fábio, que trabalha na rua Campo Grande há 25 anos, conta que ainda não foi lesado pelos furtos, mas que quase todos os seus vizinhos da parte de baixo do calçadão já foram furtados.
“Por enquanto [o que eles mais roubam] é cobre, essas coisas. Eles arrancam tudo. Geralmente quando vão furtar uma loja eles carregam o que dá. Aqui está cheio de usuário, e a maioria só anda ‘tornozelado’. À noite isso aqui parece a ‘festa da tornozeleira’”, satiriza.
Já em um estabelecimento um pouco mais abaixo trabalha Dejair da Silva Santos, o “Quati”, de 71 anos, sapateiro, transportador e proprietário do estabelecimento Conserta Silva, que teve a sua afiação elétrica roubada recentemente pela segunda vez.
Cheguei aqui fui ligar a luz, cadê a luz? Fui olhar no padrão lá, só o cano”, ri o comerciante enquanto desabafa.
“Esse roubo de fio começou quando tiraram a base da Polícia dali né. Então esse ano já é a segunda vez que me roubam. Agora estão colocando fios de alumínio, porque o cobre é o que vende mais rápido. Vamos ver o que vai acontecer”, disse.
Desencorajado e cético, Quati diz já não ligar mais para a Polícia porque os criminosos são soltos após a prisão por se tratarem de viciados e moradores de rua.
“A Polícia prende mas vai fazer o quê? Chega lá não tem onde eles ficar, soltam. Pra falar a verdade nem queixa eu dou, porque não resolve, não vai resolver nada. Mas a Polícia sabe quem que compra. Você vai nesses lugares que vendem sucatas e estão cheios de fio”, concluiu.
Um salão de beleza localizado no final da rua Campo Grande também sofreu com as tentativas de assaltos, frustrados, porém as investidas deixaram prejuízos notáveis no teto do estabelecimento, resultando em infiltrações.
“Eles já tinham tentado entrar. Aí quando eles tentaram de novo, colocamos algo pra ‘machucar’, para não deixar eles entrarem. Mas como eles viram que não iriam entrar, ficaram ‘sambando’ no telhado. eEaí derrubou o forro”, conta uma testemunha que não quis ser identificada.
“A gente colocou um pano só pra disfarçar porque não está dando para arrumar agora, porque tem que arrumar o telhado primeiro para depois arrumar o forro”, disse.
Um dos estabelecimentos mais prejudicados recentemente foi a Barbearia Shampoo, também na Rua Campo Grande, acima do salão. O proprietário, Nilson Nazário Martins, de 54 anos, diz que já tem planos de se mudar.
“Aqui sempre aconteceu. Só que tem uns períodos que diminui um pouco, mas aí depois com o tempo volta de novo. A gente já está aqui há mais de 20 anos no mesmo local, e já fomos vítimas mais de 10 vezes”, conta o cabeleireiro.
“A última agora roubaram os fios do padrão. Ficamos sem trabalhar uns dois dias, e a penúltima vez nós tivemos prejuízo dos dois ar-condicionados, porque eles cortaram para levar o cobre do ar, aí a gente ligou o ar porque não sabia os dois queimaram”, conta.
Uma das grandes reclamações dos proprietários e funcionários dos estabelecimentos é de que antes existia uma base da Polícia Militar na praça, que trazia uma sensação de segurança maior.
Assista aos depoimentos:
Fonte: Midianews