Oficial de Justiça entrou em carro em chamas para salvar vítimas de acidente

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Já se passaram semanas e as imagens de duas caminhonetes Hilux se chocando à frente do seu carro, sendo tomadas pelas chamas, continuam na mente do oficial de Justiça Fernando Kreuz Dallagnol, de 42 anos.

Ele também se lembra do susto inicial e do choque que o paralisou por alguns segundos – cinco ou 10, calcula.

Porém, mesmo em choque, não se limitou a testemunhar aquela cena trágica.

O primeiro a agir, agiu rápido, de maneira decisiva para salvar quatro vítimas, todas da mesma família.

O acidente aconteceu no início da tarde do dia 4 deste mês, na BR-163, entre Lucas do Rio Verde e Sorriso, no Norte de Mato Grosso.

Fernando, Amanda e Patrícia lembram do episódio na BR-163, mas seguem o curso normal da vida

Sob forte chuva, os quatro ocupantes, Evandro José Guimarães da Silva, 44, a esposa, Fernanda Gonzalez Cáceres da Silva, 43, e as filhas, Eduarda e Lara, de 17 e 13 anos, foram resgatados com vida.

E, mesmo com tudo o que fez naquele cenário de riscos à própria vida, Fernando Dallagnol ainda lamenta por não ter feito mais.

Ele queria ter salvado a vida do motorista da segunda caminhonete.

Preso às ferragens, Gabriel Duran Nogueira, de 26 anos, infelizmente, morreu no local.

Mas, nem o empenho do irmão de Gabriel, que vinha em um carro logo atrás, somado ao dos agentes da PRF, evitaram sua morte.

Nessa história trágica, Fernando custa a entender e aceitar o que vem ouvindo dos amigos e familiares, desde a data do acidente.

Ou seja, que sua atitude foi heroica e decisiva à preservação da vida dos quatro integrantes da família Cáceres da Silva.

O oficial de Justiça conta que retornava para casa, em Sinop, depois de uma viagem de férias com a família.

No carro estavam ele, a esposa, Patrícia Gabaldi, 37, que é policial civil, e a filha Amanda, de 15 anos.

Fernando conta que uma das caminhonetes se chocou com a outra, após invadir a pista contrária.

Com o choque, supostamente provado pela aquaplanagem, as duas começaram a pegar fogo.

“Nos primeiros cinco ou 10 segundos, fiquei paralisando diante daquela cena. Em seguida, desci do carro e corri para ver como poderia ajudar”, relata

.“Fui até a caminhonete prata e, inicialmente, vi três pessoas desmaiadas. Despertei uma senhora, porém, desnorteada, acho que por causa da pancada, ela não conseguia se soltar do cinto”, continua ele.

“Assim que ela se soltou do cinto, dei a volta no carro e acordei o condutor, para que ambos pudessem sair do carro o mais rápido possível”, narra.

Fernando diz que, após o socorro ao casal, voltou ao carro e socorreu a terceira vítima, uma garota que estava desmaiada sobre o painel.

Supostamente, com o impacto da batida, ela foi jogada naquele lugar.

“Retirei-a do carro e a deitei sobre o asfalto. Só então, constatei que ela estava viva. Vi que respirava”, detalha ele.

Nesse momento, relembra ele, chegaram as primeiras equipes de socorro, da concessionária da rodovia e da PRF.

Os agentes levaram a menina para um local mais distante do veículo, enquanto ele, mais uma vez, foi até o veículo.

Foi só então que Fernando percebeu que havia mais uma vítima, a quarta, desmaiada no banco traseiro.

“Toquei-a para despertá-la. Assustada, ela se agarrou ao cinto de segurança, mas, com a ajuda de agentes da PRF, conseguimos socorrê-la”, completou.

As duas meninas, em estado mais grave, foram as primeiras socorridas para um hospital em Lucas do Rio Verde.

Em seguida, em outra unidade de socorro, os pais delas foram transportados para a mesma unidade médico-hospitalar.

Fonte: Diário de Cuiabá