A obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) completa nesta sexta-feira (18) seis anos parada. O projeto que já consumiu cerca de R$ 1 bilhão passou por três governos desde 2012 e ainda não existe uma definição se vai ou não ser concluído. O valor total da obra inicialmente era de R$ 1,4 bilhão, mas mais da metade desse valor já foi gasto e cerca de 50% da obra foi executada.
Enquetes realizadas pelo portal G1 MT e pelo site Baixada Cuiabana, bem como outras já publicadas na internet, apontam que quase 70% da população das cidades de Cuiabá e Várzea Grande querem a conclusão da obra do VLT.
O contrato para a execução do projeto que seria o maior previsto para a Copa do Mundo de 2014 em Mato Grosso foi assinado em 2012 pelo então governador do estado, Silval Barbosa, e dois anos depois, em dezembro de 2014, ainda na gestão dele, a obra parou, após vir à tona indícios de fraudes para desviar dinheiro das obras.
Estação Aeroporto, na Avenida João Ponce de Arruda, em Várzea Grande, foi a primeira construída e a previsão é que um total de 33 estações fossem construídas — Foto: Kessillen Lopes/G1
No ano seguinte, Pedro Taques assumiu o cargo de governador e anunciou que não daria andamento na obra enquanto não fosse feita uma auditoria. Ainda em 2015, o Consórcio VLT informou ao governo que precisava de mais R$ 1,1 bilhão para terminar o projeto. O governo não concordou. A questão passou a ser discutida judicialmente. A Justiça Federal determinou um estudo de viabilidade de conclusão das obras.
Governo ainda deve mais de meio milhão de empréstimos feitos para a instalação do VLT — Foto: Edson Rodrigues/Secopa
À época o governo contratou uma empresa de consultoria pelo valor de R$ 3,8 milhões para fazer um estudo, o qual apontou no ano seguinte que a finalização da obra custaria R$ 602 milhões.
Contudo, o estado acabou, em 2017, fazendo um acordo com o Consórcio VLT para retomar a obra e pagar R$ 922 milhões para a conclusão. Mas como o processo já estava judicializado, não houve andamento.
O contrato com o consórcio VLT foi rescindido pelo estado no mesmo ano com a alegação de que o Consórcio VLT não tinha cumprido com o previsto no contrato.
Obra atravessa gestões de Silval Barbosa, Pedro Taques e agora segue indefinida no governo de Mauro Mendes — Foto: Montagem G1
Eleito em 2018, Mauro Mendes (DEM) assumiu o governo em 2019 e também não priorizou o VLT. Todos os prazos dados para definição sobre a obra foram esgotados e o governador já manifestou interesse em mudar o modal de transporte e desistir do VLT. A ideia seria optar pelo BRT – Bus Rapid Transit (BRT) – que consiste em corredores exclusivos para a circulação de ônibus do transporte público.
Em novembro de 2019, uma empresa de consultoria ganhou uma licitação para fazer outro estudo de viabilidade econômico-financeira de continuidade das obras do VLT, na Grande Cuiabá.
Pelo valor de R$ 464,3 mil, a empresa ficou responsável por elaborar e apresentar um relatório sobre a retomada do VLT e a viabilidade de construção do BRT. Paralelamente a essa consultoria, foi feito um estudo técnico sobre a viabilidade ou não do VLT.
Trilhos do VLT, em Várzea Grande — Foto: Kessillen Lopes/G1
O estudo foi concluído e teria sido encaminhado para o governo. No entanto, o governo de Mato Grosso diz que aguarda a finalização dos estudos, que são feitos pela Comissão de Mobilidade Urbana do governo federal, para dar qualquer definição a respeito do VLT.
No entanto, até agora não houve definição.
Trilhos se deterioram sem nunca terem sido usados — Foto: Christiano Antonucci/Secom-MT
Durante a Copa do Mundo, cerca de 30% da obra tinha sido feita e os turistas que desembarcaram pela capital para assistir aos quatro jogos do Mundial presenciaram um “cenário pós-guerra”.
Pelo caminho entre o Aeroporto Marechal, em Várzea Grande, e Cuiabá, passaram pela Avenida da Feb onde as árvores dos canteiros já tinham sido arrancadas para instalar os trilhos, mas eles só foram implantados em 6 km dos 22 km previstos.
Compra de vagões antes da construção dos trilhos foi apontada como um erro — Foto: Edson Rodrigues/Secopa
Dinheiro gasto
Mato Grosso deve R$ 563,5 milhões do dinheiro que pegou emprestado para construir a obra do VLT, que deveria ter sido entregue em 2014, para a Copa do Mundo. A dívida será quitada apenas em 2044.
Segundo dados da Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz), entre os três contratos firmados para as obras de mobilidade relativas ao VLT, o estado já pagou mais de R$ 844 milhões.
No entanto, do valor do empréstimo, que foi R$ 1,1 bilhão, mais de R$ 370 milhões foram pagos até novembro deste ano só de juros.
Foram, em média, R$ 14 milhões pagos pelo governo do estado por mês, só de juros.
Continuidade da obra segue indefinida — Foto: Gilberto Leite
Fonte: G1 MT