Novas rotas saindo de Cuiabá para os países vizinhos como Bolívia e o Peru começaram a operar neste mês. As viagens internacionais não são de avião e sim feitas em trajetos de ônibus que partem da Rodoviária. A disponibilidade será semanal.
As rotas, ainda pouco exploradas pelo setor turístico de Mato Grosso, haviam sido canceladas há quase três anos, com a pandemia da Covid-19. A partir deste mês, serão retomadas com novas empresas. A intenção, segundo operadores, é promover a interação entre cultura. As informações são do RD News.
Para o Peru, por exemplo, serão seis destinos saindo de Cuiabá: Puerto Maldonado, Cusco, Abancay, Nazca, Ica e Lima, podendo incluir ainda a cidadela turística de Machu Picchu na rota. Machu é também chamada “cidade perdida dos Incas”, e está localizada no topo de uma montanha, a 2.400 metros de altitude, no vale do rio Urubamba. É um dos roteiros mais procurados no mundo por turistas.
As viagens saindo de Mato Grosso com destino ao Peru deve acontecer todas às sextas-feiras com partida da rodoviária da Capital. O trajeto é longo, cerca de 3 mil quilômetros, mas segundo representantes do turismo compensa e é emocionante devido à beleza do percurso quando o ônibus entra no país vizinho. O preço da passagem pela empresa brasileira que vai operar, a empresa Transacreana, é a partir de R$ 1.000, dependendo do local final.
A presidente do Sindicato dos Guias de Turismo de Mato Grosso e também representante do governo peruano, Susy Miranda, diz que o objetivo de voltar a operar essa rota interoceânica é de aproximar as culturas do Brasil e do Peru. Ela afirma que a experiência já começa mesmo na estrada.
“É uma aventura daqui até Rio Branco, no Acre, tem um panorâmico diferente. Quando passamos por Puerto Maldonado, começamos a subir as cordilheiras, aí já dá para ver o contraste. É uma emoção. Eu acho que vale a pena. Nós do sindicato dos guias também estamos treinando guias para acompanhar grupos com segurança”, afirma.
Para Puerto Maldonado, a passagem é R$ 1.000. Para Cusco, Abancay, Nazca e Ica a tarifa é de R$ 1.150 e para Lima R$ 1.200. Susy explica que o principal atrativo procurado, Machu Picchu, por ser um local mais caro e que é todo dolarizado, é oferecido como adicional.
“Assim, quem achar muito caro o local ou não tiver interesse não precisa pagar ele. Como lá é tudo em dólar, a operadora leva até o local como um atrativo a parte. O valor é em torno de U$ 280 para ir de trem e U$ 130 para ir uma parte caminhando em trilha e outra parte de ônibus”, afirma.
Pouco explorada
A guia defende a viagem pela América do Sul como uma opção ainda pouco explorada por muitos brasileiros e mato-grossenses. “Às vezes vamos o brasileiro vai tão longe e não conhece as potencialidades turísticas dos irmãos aqui do lado. Querem conhecer gelo? No Peru tem gelo, no Chile, na Argentina. Querem deserto? Tem no Atacama, no chile e em Ica, no Peru. Dá para fazer todo tipo de turismo aqui na América do Sul mesmo”, diz.
Segundo Susy, de maio a setembro é uma boa época para ir, mas é quando faz mais frio. Ela afirma que a época do ano com maior procura é em junho, principalmente por causa da Festa do Sol, em Cusco (foto abaixo). Essa é uma época que a cidade reúne turistas do mundo inteiro.
A Festa do Sol, ou o Inti Raymi, como é chamado originalmente, acontece no dia 24 de junho, todos os anos. Durante esta data, milhares de turistas nacionais e estrangeiros passeiam pelas ruas do centro histórico de Cusco e vivenciam atividades culturais voltadas ao legado Inca no templo de Qorikancha, no parque arqueológico de Sacsayhuamán e na Praça de Armas de Cusco.
O Peru recebe cerca de 5 milhões de turistas todos os anos. Conforme explica o guia e agente de viagens Júlio César Quispillo, o país tem diversos atrativos a serem explorados.
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“O Peru tem potencial turístico cultural muito grande, uma história de 6 mil anos, temos gastronomia, arquitetura, paisagens naturais, montanhas, turismo de aventura. Além da famosa Machu Picchu, temos outros sítios arqueológicos maravilhosos como o Cânion de Colca, que é o cânion mais profundo do mundo, temos o Lago Titicaca, que é o lago navegável mais alto do mundo, temos o Calendário Nazca, Rainbow Mountain e o Vale Sagrado dos Incas. Queremos dar visibilidade a toda essa e história e cultura.
Júlio afirma que além de promover os atrativos do Peru, a nova rota permite que os peruanos e outros estrangeiros conheçam os atrativos mato-grossenses.
“Além dos nossos moradores, temos turistas europeus que querem conhecer a América do Sul e é uma oportunidade de vir ao Brasil e conhecer Mato Grosso e seu potencial turístico e cultural. Hoje vejo a potência turística do estado, tanto na natureza, gastronomia e culturalmente. Será importante para os dois lados”, afirma.
Bolívia
As viagens para a Bolívia também voltam a ser realizadas duas vezes na semana com saída do Terminal Rodoviário Engenheiro Cássio Veiga de Sá, em Cuiabá. Por enquanto, o único destino é Santa Cruz de La Sierra. O serviço havia sido interrompido com o início da pandemia da Covid-19, em 2020.
As viagens serão realizadas pela Expresso Jenecheru. A viagem tem 18 horas de duração, com parada para passageiros em Cáceres, tanto na ida quanto na volta. O diretor de turismo do Governo de Santa Cruz de La Sierra, Saddam Jesus Pinto, afirma que a relação e a conexão entre os países é importante e que o objetivo é ter um reconhecimento internacional de Santa Cruz.
“Na Bolívia temos um turismo que não se tem em outros lugares e queremos nos posicionar perante o mundo. Temos também a questão da distância, que é perto de Mato Grosso. Queremos promover esse intercâmbio. Um ponto que muitos visitam é a cidade Águas Calientes. Lá tem muitas águas termais e fica a cerca de quatro horas do Brasil. A estrada está em bom estado e isso facilita”, afirma.
Águas Calientes é um município que dá acesso a Machu Picchu, no Peru, ficando a menos de 10 km do local, por isso também acaba sendo uma rota turística percorrida por mochileiros. Conforme explica Saddan, os feriados são as datas que mais recebem turistas brasileiros, principalmente o do Carnaval e do Natal. Nos feriados, esses pontos turísticos chegam a receber cerca de 30 mil pessoas.
Segundo o diretor de Turismo, o gasto com transporte para chegar a Santa Cruz fica entre U$ 100 e U$ 200. A região é porta de entrada do país para os mato-grossenses. A Bolívia tem destinos muito visitados como o Vale da Lua, a Ilha Incahuasi, Laguna Colorada, o sítio arqueológico Tiwanaku e o famoso Salar de Uyuni , o maior e mais alto deserto de sal do mundo.
Os interessados pela viagem a Santa Cruz podem entrar em contato com a concessionária Sinart, responsável pela administração do Terminal, por meio do número 0800-000-1307 ou procurar agências.
Fonte: RD News