Em Mato Grosso, 546 idosos, pessoas com 60 anos ou mais, morreram por traumas decorrentes de queda, nos anos de 2023 e 2024. Incluindo os números do primeiro semestre de 2025, o total de óbitos salta para 634.
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde, foram 265 mortes em 2023, 280 em 2024 e 88 até junho deste ano (dados não consolidados ainda).
A soma dos óbitos de 2023 e 2024 representa uma média de 23 idosos mortos em quedas. Ou seja, quase um a cada 24 horas.
Conforme monitoramento feito por técnicos da SES, as mortes ocorreram principalmente entre os idosos de 80 anos ou mais.
O ambiente doméstico é onde ocorrem a maioria dos acidentes que levam à morte.
Dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde apontam que, entre 2022 e 2024, o Brasil registrou 15.630 óbitos de idosos por acidentes domésticos.
Quedas da própria altura, ou seja, desequilíbrio do corpo, totalizaram 12.963 casos, segundo o ministério.
O ortopedista Adriano Pinho, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia em Mato Grosso (Sbot-MT), explica que, com o avançar da idade, as pessoas passam a ter reflexos mais lentos.
Isso significa que, entre aquelas que já passaram dos 60, a resposta do corpo para evitar acidentes em situações aparentemente simples não acontece mais com a mesma agilidade de antes.
Tropeçar no tapete ou se desequilibrar em um degrauzinho, o da porta, por exemplo, pode resultar em traumas graves, dependendo das condições físicas do idoso.
“Até o corpo reagir já não dá mais tempo de evitar a queda”, assinala Adriano Pinho.
Especialista em cirurgia da mão, ele diz que, toda semana, opera um ou mais paciente idoso com traumas provocados por quedas dentro da própria casa.
Ele alerta que esses acidentes, classificados como de baixo impacto, por ser proporcional à altura da própria vítima, podem resultar até em mortes.
Na medida que a idade avança, explica Adriano, há uma perda óssea natural, fator que reduz a densidade e torna os ossos mais porosos, elevando assim os riscos de fraturas.
Nos casos de traumas, longos períodos de internação ou acamados, associadas a comorbidades como diabetes e obesidade, podem complicar o quadro do paciente, explica ele.
O especialista destaca que idosos ativos, que fazem exercícios físicos regularmente e se alimentam bem, podem responder mais rápido às situações de riscos para prevenir acidentes domésticos.
“O que você vai ser aos 60 anos ou mais depende do que você fez ao longo da vida, até os 50”, assinala o especialista.
Aos que já estão na terceira idade, o presidente da Sbot-MT diz que há muito o que se fazer para melhorar as condições de saúde e evitar ou diminuir os impactos de acidentes domésticos.
Ser ativo, conhecer os próprios limites para não se expor a riscos e adotar alguns cuidados no ambiente doméstico, farão a diferença na vida do idoso e da família, orienta o especialista. A prática de atividade física, adianta ele, é fundamental.
“Aos pacientes que entram em meu consultório reclamando que não podem ir à academia, digo que é possível se exercitar em casa”, completa.
“Pequenas caminhadas ajudam, sim”, assegura Adriano Pinho.
RECOMENDAÇÕES – Utilizar pisos antiderrapantes, instalar barras de apoio dentro do boxe do banheiro e próximo ao vaso sanitário;
– O quarto deve ter iluminação adequada e possibilitar a ida do idoso ao banheiro durante a noite;
– Certificar-se de que a altura do vaso sanitário esteja entre 43 a 45 cm, facilitando o sentar e o levantar;
– Se possível, utilizar um banco firme, feito de alvenaria ou fixado dentro do box, para que o idoso tome banho e se enxugue sentado;
– Os degraus das escadas devem possuir fita antiderrapante, ser iluminados e bem-sinalizados;
– Deve-se ter corrimão dos dois lados, com início antes das escadas, para melhor apoio, entre outros. (Diário de Cuiabá)