No lugar de Paccola, Maysa Leão assume vaga na Câmara de Cuiabá

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A suplente Maysa Leão (Republicanos) assume, a partir desta terça-feira (11), a cadeira deixada pelo vereador Marcos Paccola, que teve o mandato cassado na semana passada por quebra de decoro parlamentar, pelo assassinato do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa em julho.

A parlamentar foi notificada pela Câmara para assumir a vaga e aguarda a liberação do gabinete, que era decorado com tema militar. “Estão tirando as caveiras lá de dentro. Prometeram deixar o gabinete o mais limpo possível”, disse.

Assim como Paccola e o vereador Diego Guimarães, Maysa concorreu nas eleições municipais de 2020 pelo Cidadania, mas como pretendia se candidatar a uma vaga na Assembleia Legislativa em 2022 e o partido não tinha previsão de lançar chapa, pediu liberação para trocar de partido. Assim, foi para o Republicanos, já que a lei eleitoral permite a troca sem perda de mandato, caso o partido aceite a desfiliação.

A vereadora é empresária e influenciadora digital. Recebeu 1.520 nas eleições de 2020. Foi a 42ª mais votada. Em 2021, assumiu uma cadeira de Diego Guimarães, durante licença de 61 dias para tratamento de saúde. Ela é da bancada de oposição ao prefeito Emanuel Pinheiro e esteve na vistoria ao Centro de Distribuição de Medicamentos da capital, quando um grupo de vereadores encontrou medicamentos vencidos.

“Eu entrei para a política pela minha indignação com a atual gestão. Continuo oposição, mas uma oposição propositiva. Obviamente, se ele apresentar coisas importantes para a população, eu vou aprovar. Mas vou continuar fiscalizando. Eu fico feliz de ter a oportunidade de ter dois anos para poder trabalhar. Porque assumir a vaga por 60 dias foi uma experiência. Assumir uma vaga por dois anos é completamente diferente, porque, daí, é um mandato. Eu vou poder colocar em prática tudo aquilo que foi proposto e honrar os votos que recebi”.

Cassado

Manifestantes a favor de Paccola também estiveram presentes durante a votação — Foto: Luiz Gonzaga Neto

Manifestantes a favor de Paccola também estiveram presentes durante a votação — Foto: Luiz Gonzaga Neto

Paccola teve o mandato de vereador cassado no dia 5 de outubro. Dos 20 vereadores presentes, 13 votaram a favor da cassação, cinco foram contrários e três se abstiveram.

O pedido de cassação foi protocolado pela vereadora Edna Sampaio (PT), que representou por quebra de decoro parlamentar, conduta incompatível da dignidade do cargo de agente político, homicídio doloso qualificado e afastamento imediato do cargo que se impõe.

Paccola entrou na Justiça para reverter a perda do diploma. Alega que a denunciante deu o voto que formou maioria para a cassação e que o prazo para conclusão dos trabalhos tinha acabado, entre outras situações. A Câmara tem cinco dias, a partir da notificação, para se manifestar.

O crime

Novas imagens mostram Paccola atirando nas costas do agente Alexandre — Foto: Reprodução

Novas imagens mostram Paccola atirando nas costas do agente Alexandre — Foto: Reprodução

Paccola responde na Justiça por homicídio qualificado pelo crime que aconteceu no dia 1º de julho.

Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que o carro que era dirigido pela namorada de Miyagawa para no meio da rua e a porta do carona é aberta. Logo depois, o veículo retorna e a motorista caminha em direção à loja de conveniência.

Na sequência, o agente penitenciário se aproxima da namorada, mas ela se esquiva em dois momentos. Minutos depois, a vítima segura um objeto na mão direita e as pessoas se afastam. O casal sai da mesa e caminha em direção ao carro. Paccola aparece na esquina e atira.

Alexandre foi morto nesta sexta-feira em Cuiabá — Foto: Reprodução

Alexandre foi morto nesta sexta-feira em Cuiabá — Foto: Reprodução

O vereador alegou, na época, que foi informado de que Myiagawa estava armado e havia ameaçado a namorada.

O Ministério Público denunciou Paccola por homicídio qualificado. Segundo o parecer, o vereador impossibilitou a defesa da vítima.

Com base nas imagens e em depoimentos de testemunhas, a promotoria entendeu que “em nenhum momento a vítima agrediu ou ofendeu quem quer que lá estivesse e não apontou sua arma de fogo na direção de ninguém, sendo alvejada pelas costas pela ação do denunciado”.

Fonte: G1 MT