Não há risco de faltar arroz em MT; silos estão lotados, diz Sindicato

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Com a tragédia climática que assola o Rio Grande do Sul (RS) e a recente preocupação da população com os impactos no comércio do arroz, alimento produzido em sua maior parte no estado gaúcho, o presidente do Sindicato do Comercio Varejista de Gêneros Alimenticios de Mato Grosso (Sincovaga-MT), Kássio Catena, afirma que não há risco de faltar arroz no Estado. Ele pontua que os silos mato-grossenses estão lotados, visto que a quebra da safra não foi significativa.

“Nesse ano, no total, foi produzido mais arroz que no ano passado, o Rio Grande do Sul aumentou a área plantada. Além disso, já foi colhido quase 90% da safra. A quebra na verdade foi de 1,7%, o que não é nada alarmante. A produção nacional nossa vai de 7 milhões a 9 milhões de toneladas e a quebra vai ser de 300 mil toneladas.

Nas últimas semanas, o estado gaúcho tem sido duramente afetado pelas chuvas, chegando ao ponto de colapso. Foram atingidos mais de 440 municípios. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país, sendo responsável por 70% da produção brasileira. No entanto, conforme explica Kássio, quando a tragédia aconteceu a produção já havia sido colhida quase completamente. Além disso, grande parte já foi escoada.

“Nossos silos em Mato Grosso estão todos lotados. Não corre o risco de ter falta do produto. O que está acontecendo nesses dias é uma busca muito grande na prateleira dos supermercados, o que deu uma demanda muito grande de consumo e atrapalhou a logística, já que todo o Brasil está comprando fardos para mandar arroz para o Rio Grande do Sul”, afirma.

Esses impactos começaram a ser sentidos em Cuiabá, onde alguns mercados começaram a limitar a venda de arroz. Em uma rede atacadista, o máximo permitido é a compra de 30 kg por pessoa. Segundo Kássio, essa medida tomada por alguns estabelecimentos foi mais por precaução.

“Um exemplo é que geralmente uma pessoa compra na sua casa dois pacotes de arroz por mês e de repente começou compra dois fardos para doar. Muitas pessoas fizeram isso. Há um desabastecimento natural. Mas não há necessidade de estocar arroz em casa, não vai falta produto”, pontua.

Além desses casos, o representante do setor ressalta que muitos supermercados e armazéns do Rio Grande do Sul que tinham o produto nas prateleiras perderam e ele precisará ser reposto.

“Haverá uma busca imediata, uma corrida para repor esses produtos, e não será uma reposição normal do dia-a-dia, será uma reposição de todo o estoque. Mas será esses casos pontuais, e não um aumento do consumo do país não aumentou”, defende.

Ele usou como exemplo o caso da marca de arroz Tio Urbano, que suspendeu a venda na semana passada e já normalizou. “Isso não pela falta do produto, mas porque a empresa não estava dando conta de entregar. O arroz está lá, mas precisa ser ensacado, preparado, carregado, trazido. E nao há volume para atender a uma demanda como foi agora de arroz de imediato, que foram toneladas de carreta enviadas para lá [Rio Grande do Sul]”, diz.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Arroz

Segundo o presidente da Sincovaga, o preço será impactado a curto prazo. “Como o arroz é um produto de commoditie, é regulado pelo mercado mundial e há uma especulação do produto, automaticamente há aumento de preço. Mas não haverá falta do produto. Pode ser que no ano que vem a tragédia impacte na área plantada das lavouras, mas isso não acontecerá agora”, afirma.

No último dia 10, o Governo Federal publicou uma medida provisória autorizando a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a realizar a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz, visando abastecer o estoque brasileiro e evitar oscilações no preço do alimento essencial na mesa do brasileiro. Para garantir que os preços não subam ainda mais, a ideia é subsidiar parte dessa compra. No dia 11 foi autorizada a compra de 104 mil toneladas de arroz. Para isso, foram previstos R$ 416 mil.

“Quando a importação de 1 milhão de toneladas for concluída poderá ter um excedente do produto, visto que a quebra foi de 300 mil toneladas. Dessa forma, a tendência é que quando o produto chegar de fora o preço se regule e volte a ficar mais barato”, analisa.

O Procon Estadual salientou também que não há motivo para alarde no momento e que passou a monitorar os preços praticados pelos mercados, a fim de coibir aumentos injustificados de preços.

Fonte: RD News