O jornalista atirou contra a própria cabeça após tentar matar a ex na manhã de segunda-feira
O jornalista José Marcondes Neto, o “Muvuca”, morreu as 21h10 da noite de segunda-feira (28) durante uma cirurgia no Hospital das Clínicas, em Tangará da Serra. Ele estava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), após atirar contra a própria cabeça. Antes, tentou matar a tiros a ex-namorada, a empresária Nádia Mendes Vilela.
De acordo com os médicos que o atenderam, o seu estado era considerado gravíssimo. Apesar de a bala não ter ficado alojada no cérebro, ela passou de um lado a outro do crânio, ocasionando perda de massa encefálica.
A pressão do jornalista estava muito baixa e os médicos trabalharam para estabilizá-la antes da realização da cirurgia. Entretanto, durante o procedimento, Muvuca não resistiu e morreu.
Ele havia sido transferido do Hospital Municipal para a Clínica Doyon, onde fez uma tomografia. Depois, foi encaminhado imediatamente para o Hospital das Clínicas, que é um hospital privado.
Segundo um médico ouvido pela reportagem, caso sobrevivesse à cirurgia, o quadro de saúde do jornalista não seria dos melhores.
O crime
Muvuca foi até a farmácia da ex-namorada, a empresária Nádia Mendes Vilela, na manhã desta segunda-feira (28), em Tangará da Serra (a 244 quilômetros de Cuiabá).
No local ele atirou contra a vítima, que foi atingida por disparos na cabeça e no tórax.
Em seguida, atirou contra sua boca na tentativa de se matar.
A Polícia Civil informou que não há, ao menos em Tangará da Serra, registro de alguma queixa de agressão ou ameaça da empresária contra o jornalista.
Quem é Muvuca
Natural de Alto Paraguai (a 420 km de Cuiabá), José Marcondes dos Santos Neto morava em Cuiabá há mais de 20 anos morava em Cuiabá, onde se formou em Comunicação Social e abriu seu próprio site de notícias, batizado em homenagem ao seu apelido, o “Muvuca Popular”.
O Muvuca – que ganhou ainda mais notoriedade ao fazer como seu grande inimigo político o ex-senador e ex-governador de Mato grosso, Pedro Taques – chegou a tentar se aventurar nas urnas, tendo sido candidato ao Governo do Estado e também à Câmara de Cuiabá e à Câmara dos Deputados.
Em 2008, quando ocupava um cargo de direção na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), chegou a ser preso por crime ambiental durante a Operação Termes, desencadeada pela Polícia Federal.
Ele chegou a ser exonerado do cargo após o episódio e sempre negou qualquer tipo de envolvimento no esquema. Segundo relatou em entrevistas, na mesma época, em razão da prisão, passou a ter problemas com drogas, tornando-se viciado em crack.
A sua dependência veio à tona em março de 2013, após o então advogado de Pedro Taques revelar uma decisão judicial que determinava a realização de exame toxicológico no jornalista e acusá-lo de ser usuário de drogas desde 2006.
A polêmica envolvendo o então senador Pedro Taques e Muvuca começou no final de 2011, quando o jornalista publicou uma série de artigos na imprensa acusando o parlamentar de fazer parte de uma “Máfia dos Combustíveis”.
Ele chegou a ser acionado por pelo menos seis vezes por Taques na Justiça, sendo acusado pelo ex-senador de fazer ameaças em postagens no Facebook, inclusive com fotos portando armas.
Ainda em 2013, a briga entre os dois subiu de patamar, após o então senador acionar a Polícia Legislativa após ver o jornalista dentro do Congresso Nacional.
No ano seguinte, Muvuca saiu candidato ao Governo do Estado, tendo como uma de suas principais bandeiras a criação de clínicas para recuperação de dependentes químicos.
Posteriormente, veio à tona que o jornalista chegou a ser uma das vítimas do esquema de interceptações telefônicas ilegais que tornou-se conhecido como “Grampolândia Pantaneira”, cujo escritório de arapongagem funcionava dentro da Polícia Militar.
Fonte: MidiaNews