Municípios do interior apostam no tratamento precoce e adotam kit covid

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Enquanto em Cuiabá prefeito aponta resistência grande por parte dos médicos, cidades pequenas e com poucos casos apostam nos medicamentos

Municípios de Mato Grosso começam aos poucos adotar o kit covid para tratamento precoce dos pacientes infectados. Várzea Grande anunciou o início do tratamento nesta semana e em Cuiabá o prefeito Emanuel Pinheiro afirma que enfrenta resistência por parte dos médicos que compõem o Comitê de Enfrentamento ao Novo Coronavírus para tomar a mesma decisão.

Enquanto isso, municípios bem menores e com número reduzido de casos já adotam a medida. Um exemplo é Gaúcha do Norte (595 km ao norte de Cuiabá) que tem nove casos de covid-19 confirmados, sendo um paciente recuperado e nenhum óbito.

Como em todos os casos, a prefeitura exige que o paciente tenha a prescrição médica para retirar o kit e fazer o tratamento em casa. “A decisão para essa prescrição é exclusivamente do médico. Caso o paciente esteja de acordo com o tratamento indicado, ele deve assinar o termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) disponibilizado pelo médico”, destaca nota da prefeitura.

A prefeitura esclarece que o kit pode apresentar medicamentos diferentes, pois atenderá individualmente a prescrição, podendo conter ou não todos os itens.

Em Guarantã do Norte (715 km ao norte de Cuiabá), onde já há 84 casos confirmados, 48 pacientes recuperados e um óbito, o prefeito Érico Stevan Gonçalves autorizou o Comitê de Operações Especiais municipal de Combate à Covid-19 a fazer uso da hidroxidocloroquina nos tratamentos de pacientes.

O prefeito autorizou ainda os procedimentos legais por parte do município para a compra do medicamento. A medicação não estará disponível nos postos de saúde, mas, sob a coordenação no COE na unidade hospitalar do município.

Outro município que também possui os medicamentos à disposição da população, desde que com orientação médica, é Lucas do Rio Verde (364 km ao Norte). O município tem 347 casos confirmados e oito óbitos. A prefeitura afirma que tem seguido o protocolo farmacológico publicado pelo Ministério da Saúde em relação aos medicamentos recomendados para o tratamento de pacientes com o novo coronavírus, principalmente a associação de hidroxicloroquina com azitromicina.

“Assim que o Ministério estabeleceu um protocolo farmacológico básico para tratamento da Covid-19, o município tratou de adotá-lo imediatamente e adquiriu os medicamentos para que os profissionais que estão atendendo pacientes com coronavírus tenham todos eles à disposição para, a seu próprio critério, decidirem sobre sua aplicação ou não de acordo com o estado de cada pessoa”, explica o secretário municipal de Saúde, Rafael Bespalez.

De acordo com o médico Antônio Salvão, que atende no Pronto Atendimento Municipal (PAM), a primeira unidade Sentinela de Lucas do Rio Verde, o paciente será avaliado para saber qual a gravidade da situação, se apresenta comorbidades ou outras patologias e, se for o caso, a medicação está disponível nas unidades. “É o médico quem vai decidir qual a melhor hora de entrar com o tratamento específico ou não, mesmo os sintomáticos nós temos disponíveis também, e o paciente já sai com sua medicação”, pontua.

Porém, o profissional adverte que a quantidade de medicamentos em estoque não é infinita e somente será suficiente se a população seguir as medidas preventivas para controle da disseminação do contágio.

Em Nova Mutum (264 km ao Norte), onde há 288 casos confirmados e sete óbitos, o prefeito Adriano Xavier Pivetta anunciou que a Prefeitura já está fazendo a distribuição dos medicamentos utilizados no tratamento de pessoas detectadas com o covid-19 (coronavírus) de acordo com a prescrição médica para cada caso.

A lista de medicamentos disponibilizada pela prefeitura para o tratamento inclui; Azitromicina, Invermectina, Predisolona, Dexamentasona, Anita, Dipirona além de Cloroquina e Hidroxicloroquina em casos hospitalares.

Prefeito informa ainda que cabe ao médico identificar qual desses medicamentos será receitado ao paciente conforme quadro clínico. “Disponibilizamos todos esses medicamentos mas, é preciso que fique bem claro que é o médico quem, após analisar o quadro clínico de cada paciente, terá autonomia para receitar qual desses medicamentos será utilizado em cada paciente”, explica.

A secretaria Municipal de Saúde, Anke Schwab, destaca que para ter acesso aos medicamentos utilizados no tratamento de covid-19 é preciso passar por uma das unidades básicas de saúde, uma vez que só será permitida as receitas prescritas por médicos do sistema único de saúde (SUS). “Essa é um das exigências, uma vez que, por se tratar de um órgão público não é permitida a distribuição de medicamentos gratuitos para pacientes com receitas de clínicas particulares”, informa.

A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Ubiratã (502 km ao Norte) autorizou a aquisição de 300 kits de medicamento para o tratamento da covid-19. A medida foi adotada em virtude do aumento considerável de casos da doença no município que tem 39 casos confirmados e nenhum óbito.

Com a aquisição dos kits covid-19, a administração municipal afirma que pretende reduzir o tempo de tratamento e, por consequência, o número de futuras internações.

“Nosso objetivo nesse momento é tratar, de forma eficiente, aqueles pacientes infectados e evitar um possível colapso do Sistema Único de Saúde (SUS)”, avalia a secretária de Saúde, Alessandra Alves dos Santos.

A secretaria criou dois modelos de kits. O primeiro deles, que ainda está em fase de aquisição, contendo 50 unidades é composto pelo medicamento hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina e dipirona, recomendado nos casos moderados e/ou graves.

Já o segundo, com 250 unidades, é indicado para pacientes com sintomas leves e são composto por azitromicina, ivermectina e dipirona.

A retirada dos kits ocorre mediante apresentação de exame positivado e receita médica.

Para o tratamento com hidroxicloroquina, o paciente precisa assinar um termo de “consentimento informado” dando ciência da vontade própria e assumindo os riscos em casos de possíveis efeitos colaterais ao medicamento.

A Prefeitura de Nova Xavantina (645 km ao leste), que tem três casos confirmados sendo que dois destes pacientes morreram, também já disponibilizou os kits que combinam Zinco + Vit C, Tiamina 300 mg, Dipirona, Azitromicina 500mg e Ivermectina 6mg a serem ministrados de acordo com as condições clínicas de cada paciente.

Em Porto Estrela (194 km ao Médio-Norte), com apenas três casos confirmados, os pacientes também já têm o kit covid-19 à disposição. Lá, o kit é composto pelos medicamentos Azitromicina, Ivermectina, Dipirona, Cloroquina, Zinco e Vitaminas C e D.

De acordo com o secretário de Saúde Aluirson Figueiredo Neto Júnior, nenhum dos medicamentos do kit tem comprovação científica, possuem apenas relatos de médicos que usaram e deu certo. “Esses medicamentos que constam no kit não têm nenhuma comprovação científica ainda de que funcione, então assim não é nenhum remédio milagroso, nenhuma cura milagrosa. O que temos são relatos de médicos que usaram e deu certo, mas isso a gente sabe que varia muito de paciente para paciente. Aí precisamos ser otimistas e usar as ferramentas que temos. Então vários municípios adotaram o kit. Vários médicos já disseram que na prática deu certo. O próprio Ministério da Saúde liberou o uso. Então decidimos como prevenção adotar o uso destes medicamentos”.

O secretário enfatiza que o kit só é entregue para o paciente quando ele fez o teste e deu positivo, e para ele iniciar o tratamento de forma precoce já com sintomas mais leves, o médico avalia. “É importante destacar que o kit não vai fechado para o paciente, porque tudo depende de uma avaliação médica, o médico avaliando o quadro do paciente pode tanto tirar medicamentos, como acrescentar. Por exemplo, a cloroquina tem um grupo de pessoas que não pode usar, então o médico que vai avaliar, podendo acrescentar medicamentos ou tirar”, destacou o Júnior.

Nesta terça-feira (23), o governador Mauro Mendes informou que recebeu pedidos de diversas prefeituras e analisa a compra de medicamentos que já fazem parte da rede básica de saúde e que são recomendados por médicos para o tratamento precoce da covid-19.

De acordo com o governador Mauro Mendes, o objetivo é ajudar os municípios a suprir a rede básica, já que parte desses medicamentos já está em falta no mercado. “Muitos médicos já estão prescrevendo uma série de medicamentos para evitar que a doença se agrave. Em muitos casos os resultados são muito positivos”, destacou o governador, lembrando que o abastecimento da rede básica com os medicamentos é para que se o médico optar em receitar a medicação, o paciente receba os remédios na própria unidade de saúde.

O governador explicou ainda que a Secretaria de Estado de Saúde está na busca por fornecedores dos medicamentos.

Trata-se, basicamente, do chamado kit covid, que inclui azitromicina, ivermectina e hidroxicloroquina.

Fonte: RepórterMT