MP diz que Paccola matou agente para virar ídolo das mulheres e por projeção política

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O Ministério Público do Estado (MP-MT) acusou o vereador por Cuiabá, tenente-coronel Marcos Paccola (Republicanos), de matar o agente socioeducativo Alexandre Miyaawa, de 41 anos, para se promover politicamente.

Para o órgão, Paccola tinha por objetivo passar a imagem de combatente à violência contra as mulheres e colher dividendos políticos e eleitorais, já que é pré-candidato a Assembleia
Legislativa neste ano.

A descrição está contida na denúncia apresentada nesta tarde de quinta-feira, 28, ao Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá, do Poder Judiciário. “É possível concluir que o agressor agiu por torpe motivação, no afã de projetar sua imagem como sendo de alguém que elimina a vida de supostos malfeitores e revela coragem e destemor no combate a supostos agressores de mulheres”, diz trecho do documento.

Esse objetivo, segundo a denúncia do MP, estaria demonstrado pelo próprio Paccola após o crime, por veicular vídeos sobre o ato. O MP cita também o discurso do militar na Câmara Municipal, ocasião em que exaltou sua ação e desprestigiou Alexandre.

A denúncia se aprofunda mais sobre a tese. Segundo o documento, desde o começo Paccola agiu para atrair a atenção das pessoas para si e para o ato que cometeria. “Ao visualizar que uma situação anômala ocorria, determinou que seu assessor parlamentar-motorista deixasse seu veículo atravessado na faixa da Avenida Filinto Muller, praticamente interrompendo o fluxo total da referida via, com o calor propósito de que sua presença e ação pudesse ser notada por um maior número de pessoas, momento em que se dirigiu ao local em que a vítima se encontrava, colocando-se na posição de autoridade que ali
estava para colocar ordem na situação, o que acabou por descambar para uma
desnecessária execução da vítima”, diz o documento.

A ação, contudo, acabou resultando na morte de Alexandre. “Há, portanto, evidências de que agiu na expectativa de que sua ação homicida lhe angariasse dividendos políticos, restando, pois, configurada a torpe motivação de sua conduta”, cita o MPE na denúncia.

O CASO

Marcos Paccola foi denunciado à Justiça nesta quinta-feira pelo MP. O órgão o acusa de homicídio qualificado, por motivo torpe e por utilizar recursos que impossibilitou a defesa da vítima. O documento é assinado por quatro promotores: Antonio Sergio Cordeiro Piedade, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, Samuel Frungilo e Vinícius Gahyva Martins. O MP pede o recebimento da denúncia e que o caso seja atribuído ao júri popular e que Paccola seja condenado a pagar indenização à família da vítima.

Marcos Paccola matou Alexandre Miyagawa com três tiros – disparados pelas costas – na noite de 1º de julho no bairro Quilombo. A vítima estava acompanhada de sua namorada, Janaina Sá, e estava com arma em punho, quando foi atingida.

Relatos de testemunhas apontam que Janaina estava alcoolizada e ‘caçando’ confusão com os presentes, sendo acompanhada pelo namorado, que tentava acalmá-la. A mulher teria dito a Alexandre que sacasse sua arma para atirar por trás. Ele caminhava no meio da rua, com a arma em punho, atrás de sua namorada.

Paccola teria dado ordem de parada a Alexandre, segundo testemunhas, mas acabou atirando antes mesmo de ele poder cumprir a ordem. O militar, que também é vereador, alegou em sua defesa que Alexandre teria se virado contra ele com a arma em mãos, fazendo com que ele revidasse.

O vereador responde a um pedido de cassação de mandato na Câmara Municipal por causa do ocorrido. O processo estava parado na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, que havia decidido aguardar a conclusão do inquérito na Polícia Civil.

A investigação resultou no indiciamento de Paccola por homicídio qualificado. A polícia chegou a pedir a prisão preventiva do vereador, com parecer favorável do MP, mas foi negado pela Justiça, que alegou que ele não apresenta risco à sociedade e nem às investigações.

Além do pedido de cassação, também tramita na Câmara um pedido de afastamento imediato de mandato, que será pautado pelo presidente Juca do Guaraná Filho (MDB). Os dois requerimentos são de autoria da vereadora Edna Sampaio (PT) e estão sob análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), que emitirá o parecer e também vai sugerir os ritos a serem adotados pela Comissão de Ética.

Fonte: Folhamax