Na manhã desta sexta-feira (9), os motoboys realizaram uma paralisação nacional para cobrar melhores condições de trabalho. Em Cuiabá, os motociclistas desligaram o aplicativo Ifood e montaram um trajeto para ser percorrido com ‘buzinaço’.
“Nós somos prestadores de serviço, por isso que a gente tá lutando aqui”, disse João Barbudão, um dos motoboys que está à frente do movimento, ao enfatizar que os motoboys são as ‘pernas e os braços’ da cidade.
João Barbudão explicou que a busca é por melhores taxas por parte dos aplicativos de entrega e pontos de apoio para a classe nas cidades. Os pontos seriam loais para esperar que os aplicativos enviassem solicitações de entregas aos motoboys. A ideia seria um local estruturado para a categoria.
“Igual o que tem em Goiânia, por exemplo. O prefeito lá fez containers, climatizou, colocou um espaço comum para os motoboys. Aonde vai ter um bebedouro, uma tomada para carregar o celular. E muitos motoboys vêm de regiões distantes. Então, é necessário esses pontos, porque, às vezes, a pessoa nem volta em casa”, pontuou.
O representante ainda disse que existe um projeto de lei que busca a construção dos pontos. “Sendo que nós temos um projeto de lei em andamento na Câmara que dispõe sobre a implementação desses pontos de apoio”, disse, ao reforçar o convite para que os vereadores e população ajudem na causa.
“Em outros capitais, como Goiânia, Brasília, Fortaleza já tem esses pontos de apoio. Então, nada mais justo do que um vereador, o prefeito, engajar. Ver que tá tendo um movimento popular gigante e que a gente depende deles pra poder concretizar esse nosso sonho”, acrescentou.
A classe se diz ainda insatisfeita com as taxas pagas pelos aplicativos de entrega em nível nacional. “Hoje, a gente se sente, em algumas situações, explorado pelo Ifood. Então, onde a gente tá fazendo a paralisação e tá sinalizando uma taxa mínima, hoje que é de R$ 6, a gente tá cotando ela pra R$ 8. R$ 8 a gente acha que é o justo. E também solicitando os pontos de apoio, pedindo o fim da entrega dupla, melhores condições de serviço com as EPIs. A gente fazer um curso aqui de motoboys de direção defensiva, fazer também um curso de primeiros socorros”, explicou João.
João disse ainda que o aplicativos devem deixar de explorar os trabalhadores. “O que a gente não entende é que o aplicativo deve deixar de explorar o motoboy 100%. É a exploração do homem sobre o homem, nesse caso”, enfatizou.
João ainda salientou que o trânsito de Cuiabá e Várzea Grande está caótico e que a categoria é muito vulnerável. “A gente costuma dizer que o para-choque do motoboy é o peito dele. Quando a gente se depara com um buraco, é uma ação muito rápida. E às vezes não dá tempo, é questão de segundos”, ponderou.
JUSTIÇA POR KELVIN
A categoria ainda está enlutada pela morte do colega Kelvin, que foi atropelado enquanto estava estacionado. “Quero deixar aqui também o sentimento de injustiça que o motoboy tá hoje. Como a forma que aconteceu. A pessoa já tinha uma ocorrência anterior em 2015. Agora, veio a matar, bêbado, o nosso amigo. E aí tá solto, pronto pra fazer outra vítima. Então, essas respostas que a gente quer do poder público”, ponderou João ao lembrar que a categoria passou muito tempo sem ter voz.
O representante disse que, possivelmente, foi facilitado para que o condutor não fosse pego em flagrante. “E a gente se sente injustiçado, porque o motoboy é perseguido de manhã, de tarde e de noite, pelo amarelinho, pela polícia, por tudo. E ninguém alivia pra nós, e a gente não vai aliviar pra ninguém não”, enfatizou. (HNT)
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