Cuiabá registrou aumento de 113% nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), entre 2023 e 2024, e 124% em relação às mortes, de acordo com os dados da Secretaria do Estado de Saúde (SES-MT). A doença matou 74 pessoas na Capital ano passado e, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), este ano já foram registrados 39 óbitos.
A médica patologista Natasha Slhessarenko alerta que os principais fatores que provocaram esse aumento na região são a baixa cobertura vacinal e a aplicação de imunizantes desatualizados de covid-19. Em relação à vacina contra a influenza, por exemplo, que começa a ser aplicada novamente no país, no ano passado o público-alvo da capital era de 220 mil pessoas, mas 55% não se imunizaram.
Os dados da SES indicam que em 2022 Cuiabá registrou 1.108 casos de SRAG, com 54 óbitos. No ano seguinte, os números caíram para 348 casos e 33 mortes. Em 2024, os casos voltaram a subir, para 742 casos de SRAG e o maior número de mortes em três anos, 74 ao todo. Os dados mais atualizados da SMS já indicam 303 casos este ano na Capital.
Slhessarenko explica que a SRAG é caracterizada por uma súbita insuficiência respiratória, que provoca a internação do paciente, que geralmente precisa de terapia intensiva, com o suporte ventilatório, oxigênio e entubação. Uma coisa importante, que fique bem claro, não é apenas a covid-19 que é Síndrome Respiratória Aguda Grave. A gente tem aí talvez algumas centenas de vírus que podem evoluir para SRAG. Os mais comuns são a covid, o Influenza A e B, que são os vírus da gripe, e o Vírus Sincicial Respiratório.
A especialista explica que a evolução para o quadro mais grave da doença depende da agressividade do agente infeccioso e das condições de saúde do paciente, ou seja, seu sistema imunológico e comorbidades. Recém-nascidos e idosos, que têm o sistema imune mais frágil, assim como pacientes que estão fazendo quimioterapia, ou tiveram algum quadro recente de doenças pulmonares, entre outras patologias como hipertensão, diabetes e fumantes podem apresentar a maneira mais grave da doença.
Slhessarenko afirma que, a princípio, não há dados que demonstrem que esse aumento de casos seja tendência nacional e que eles ainda não são motivos de alarme, mas pede que a população fique atenta. Ao apresentar qualquer sintoma gripal, o ideal é procurar atendimento médico para fazer os exames necessários ainda no início da doença e tratá-la assim que for identificada, com a medicação apropriada, para evitar que o quadro se agrave. (Gazeta Digital)