‘Minha sensação é de vergonha alheia pelo que a nossa Justiça fez’, diz mãe de Rodrigo Claro sobre sentença de Ledur

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Os pais do aluno-soldado Rodrigo Claro, Jane e Antônio, não concordaram com a sentença dada pela Justiça à tenente bombeiro Izadora Ledur da acusação de tortura e morte de Rodrigo. A militar foi condenada pelo crime de maus-tratos, com pena privativa de liberdade estabelecida em um ano, a ser cumprida em regime inicial aberto, sem a perda da função. Para Jane a decisão é uma “vergonha”.

“Minha sensação é de vergonha, vergonha alheia pelo que a nossa Justiça fez, é um tapa na cara da nossa sociedade, não houve Justiça nenhuma para o Rodrigo, ela vai poder continuar fazendo o que sempre fez. O que é um ano na vida dela comparado à perda da vida do Rodrigo? Não dá para aceitar”, disse a mãe de Rodrigo.

A defesa de Ledur pedia pela absolvição. Segundo argumentado, “não se verifica dos autos a caracterização da conduta delitiva, tampouco o nexo casual entre os treinamentos e a causa mortis do aluno-soldado”. Caso o entendimento não fosse pela absolvição, Ledur pedia reconhecimento da inexistência do crime descrito na modalidade tortura-castigo, desclassificando-o para o delito maus tratos, o que acabou sendo acatado pela Justiça.

“Nós recebemos de uma forma surpresa o resultado, porque durante o processo a defesa da Ledur já tinha pedido a desclassificação do crime de tortura para maus tratos, mas havia sido negado pelo Judiciário, e aí ontem no julgamento, foi uma surpresa, o juiz titular, Marcos Faleiros, acabou acatando e votando para classificar como maus tratos, que a detenção é no máximo de um ano, no regime aberto. Vai continuar exercendo a função dela normal”, disse o pai de Rodrigo.

O promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta manifestou que vai recorrer, ainda nesta sexta-feira (24), da sentença que livrou Ledur do crime de tortura e morte do aluno Rodrigo Claro. O pai de Rodrigo afirmou que respeita a visão dos juízes, mas não concorda e também irá recorrer. Segundo ele estava claro que o crime praticado por Ledur foi tortura e não maus tratos.

“Ficou uma sensação de que eles condenaram para dizer que a Justiça foi feita, mas é uma condenação que nós não engolimos. Ela acabou ficando impune, porque não vai cumprir nada e vai continuar trabalhando, exercendo suas funções normais dentro da instituição, com o risco ainda de fazer novas vítimas”, disse Antônio.

O caso

Rodrigo morreu durante o 16º Curso de Formação de Bombeiros em Mato Grosso, que era ministrado pela tenente. De acordo com a denúncia, a morte ocorreu no dia 10 de novembro de 2016, durante atividades aquáticas em ambiente natural, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá.

Apesar de apresentar excelente condicionamento físico, o aluno demonstrou dificuldades para desenvolver atividades como flutuação, nado livre, entre outros exercícios.

Embora o problema tenha chamado a atenção de todos, os responsáveis pelo treinamento não só ignoraram a situação como utilizaram métodos reprováveis para aplicar “castigos”. Rodrigo Lima morreu por hemorragia cerebral.

Fonte: Olhar Direto