O governador Mauro Mendes (DEM) afirmou que não pode fazer julgamento sobre o que “está por trás” da postura dos parlamentares que aprovaram um projeto de lei do deputado estadual Gilberto Catani (PSL) que proíbe a exigência do passaporte da vacina contra a Covid-19 em Mato Grosso. Contudo, foi taxativo ao dizer que criticar a ciência, os dados e números que mostram uma drástica redução de mortes e casos graves de internações de pessoas já vacinadas com duas ou mais doses, é conversa fiada.
“Provavelmente muita gente vai morrer e a responsabilidade é de quem trabalhou, induziu a população contra a vacina”, afirmou Mendes na manhã desta terça-feira (11) durante entrevista à Rádio CBN Cuiabá.
Conforme o gestor, é possível entender a decisão isolada de qualquer pessoa que decida não tomar a vacina, até porque não há lei no Brasil que obrigue a vacinação. Porém, segundo ele, no caso de pessoas públicas, detentoras de mandatos eletivos, é “grave e criminoso” instigar a população a não se vacinar.
“Fazer campanha contra a vacina, é criminoso, ficar falando besteira contra vacina o tempo todo é um crime contra a vida de muita gente. Qualquer líder que tenha oportunidade de falar pras pessoas através dos meios de comunicação pode gerar influência na cabeça das pessoas, principalmente se é um governador, deputado, presidente, um politico, alguém de que alguma forma exerce cargo no estado e na sociedade brasileira”, enfatizou o governador, ao concordar com o procurador-geral de Justiça, José Antonio Borges, que analisa a possibilidade de judicializar a questão do passaporte da vacina em Mato Grosso.
Durante a entrevista, o governador também respondeu questionamentos de ouvintes da CBN Cuiabá e foi questionado sobre a postura do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que continua fazendo discursos contra a vacina da Covid e estimulando as pessoas a não tomarem o imunizante. As últimas investidas de Bolsonaro foi em relação à vacinação em crianças de 5 a 11 anos, já aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas que na prática ainda não teve início, porque as doses para esse público ainda não foram enviadas aos Estados.
Em relação à postura do presidente, o governador Mauro Mendes evitou criticá-lo de forma dura, como fez com os deputados que barraram a exigência do passaporte da vacina no Estado. “Não quero ficar criticando o nosso presidente. Ele foi eleito com voto de muita gente, ele tem o seu jeitão e eu tenho o meu, não quero ficar criando polêmica desnecessária. Toda hora ele cria uma polêmica e isso tira a energia da gente. Em vez de gastar sua força, capacidade e tempo para produzir resultado, se ficar dando declarações polêmica toda hora, criticando, a gente perde tempo e gasta energia desnecessária”, respondeu Mauro Mendes.
Conforme o gestor, a estratégia de ficar brigando e “conversando fiado” tira a energia, o foco e não produz resultado. “Eu procuro evitar, inclusive, criticar o nosso presidente, posso discordar dele, na democracia isso é natural, mas temos que ter respeito, ele é nosso presidente. Agora, falar contra a ciência é muito ruim, falar contra vacina é falar contra dados, contra evidências claras e objetivas que estão ai. A maioria que se vacinou, quando pega o vírus de novo não passa de uma gripezinha e a maioria dos que não se vacinaram está pegando a doença e morrendo, isso é muito óbvio e não tem o que fazer contra isso”, enfatizou o chefe do Palácio Paiaguás.
CENTRO DE TRIAGEM
Diante do aumento nos casos de Covid-19 no atual momento, o governador foi questionado sobre o fechamento do Centro de Triagem da Covid, que funcionava na Arena Pantanal sob gestão da Secretaria Estadual de Saúde (SES) entre 2020 e 2021. Criticado pela prefeitura por fechar o espaço, o governador descartou reabri-lo.
Mauro Mendes mandou o prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro (MDB), tomar vergonha na cara e fazer sua função, pois o Centro de Triagem aberto pelo Estado foi uma forma de auxiliar a Prefeitura de Cuiabá, que é a responsável pela atenção básica de saúde, por garantir o funcionamento de policlínicas e postos de saúde, incluindo insumos para testar a população.
“Há omissão com certeza, omissão absoluta e criminosa o que acontece na capital de Mato Grosso”, disse Mauro Mendes ao chamar a atenção do Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT). “É uma vergonha ele chamar nossa atenção, isso é uma vergonha. Abrimos o centro de triagem porque antes para auxiliar a Prefeitura. Por que Cuiabá não se prepara, não compra testes? Ele tem que resolver e não ficar conversando fiado. Atenção básica, policíclicas para atender. O governo colaborou num período grande em Cuiabá e as pessoas nem iam mais nas unidades de saúde pois não tem médicos e nem remedidos. A Prefeitura deveria tomar vergonha na cara e realmente fazer o seu papel, comprar os medicamentos e os testes para atender a população cuiabana”, disparou o governador.
Fonte: Folhamax