Mauro pede ‘razoabilidade’ e diz que não tem como sustentar pescadores a vida toda

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O governador Mauro Mendes (União) disse que ainda não está por dentro das mudanças que os deputados estaduais pretendem fazer em seu projeto de lei que proíbe o transporte, armazenamento e comercialização dos peixes dos rios de Mato Grosso pelo prazo de cinco anos, apelidado de “Transporte Zero”. Porém, ele pediu que os parlamentares tenham razoabilidade nas alterações, principalmente em relação ao auxílio para os pescadores, que é o principal alvo de críticas.

Na mensagem, o governo afirmou que pretende pagar um salário mínimo (atualmente de R$ 1.320) mensal no primeiro ano e diminuir o valor nos próximos dois anos subsequentes. Essa ideia não agradou os deputados, que querem um valor maior ou a manutenção do mesmo valor durante os cinco anos de proibição da pesca.

Essa intenção foi criticada pelo governador, que destacou que o Estado não pode sustentar a classe pescadora “a vida toda”. Ele ainda destacou que há outras frentes de trabalho que precisam de mão de obra em Mato Grosso, sugerindo que os pescadores mudem de ramo de atuação.

“Eu não conheço o teor daquilo que eles pretendem modificar, mas é um direito que a Assembleia tem. Agora, nós temos que ter razoabilidade, né gente? Esse país está ficando um país onde toda hora se cria um privilégio, toda hora se cria um piso, toda hora se cria um benefício, toda hora se cria uma ajuda aqui, uma ajuda ali. E o fato é que não está tendo gente mais para trabalhar no Brasil”, disse Mauro.

“Aqui em Mato Grosso, as empreiteiras param porque não têm mão de obra. E várias obras paralisaram. Há oportunidade de eles trabalharem em outras áreas, por isso que o governo está no primeiro momento… Então, vai ter que dar a vida inteira para eles esse salário? Se fosse assim, nós estaríamos indenizando até hoje os charreteiros de Nova York, os caras que coletavam ficha de orelhão”, ironizou.

Mauro saiu em defesa da proposta  mais uma vez, alegando que tem recebido notícias, até mesmo de pescadores, de que não estão encontrando peixes nos rios de Mato Grosso. Ele destacou que a medida vai ajudar no repovoamento dos rios, além de fortalecer o setor turístico do estado.

“Os peixes no rio estão acabando, todo mundo sabe disso. Isso é uma verdade óbvia, constatada, inclusive com estudos, demonstrada no estudo da própria Assembleia, que o fez de forma independente. E qualquer um que vai ao rio sabe disso. Quer pescar até acabar? Pode pescar até acabar, não tem problema nenhum. Agora, eu como governador tenho responsabilidade. Se eu enxergo um problema, eu tenho que tomar uma atitude. Tomamos atitude e a palavra está com a Assembleia, porque também ela tem responsabilidade e eu acredito que, no final, a maioria vai aprovar de forma responsável”, ressaltou. (Estadão de MT)