Mato Grosso tem 11 empregadores na ‘Lista Suja’ do trabalho escravo

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‘Lista Suja’ do trabalho escravo aponta 11 casos em Mato Grosso; resgates ocorreram em 11 propriedades. (Foto: Divulgação MPT/MS)

Mato Grosso contabiliza 11 empregadores, entre pessoas físicas e jurídicas, incluídos na mais recente atualização da “Lista Suja” do Trabalho Escravo, publicada nesta segunda-feira (6) pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A atualização abrange o período de 2020 a 2025 e aponta que 41 trabalhadores foram resgatados de propriedades e empresas no estado.

No país, a lista inclui 159 novos empregadores, sendo 101 pessoas físicas e 58 jurídicas, totalizando 1.530 trabalhadores resgatados da exploração em todo o território nacional.

Os estados com maior número de inclusões foram Minas Gerais (33), São Paulo (19), Mato Grosso do Sul (13) e Bahia (12). Entre as atividades econômicas mais afetadas destacam-se a criação de bovinos para corte, serviços domésticos, cultivo de café e construção civil, sendo que 16% das inclusões ocorrem em áreas urbanas.

Funcionamento e objetivo da Lista Suja

Criada em 2003 e regulamentada atualmente pela Portaria Interministerial nº 18/2024, a Lista Suja tem como finalidade transparência e combate ao trabalho escravo, reunindo ações de fiscalização realizadas pela Auditoria Fiscal do Trabalho (AFT) em parceria com Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União.

A inclusão no Cadastro ocorre apenas após processo administrativo com garantia de contraditório e ampla defesa, e os nomes permanecem publicados por dois anos. Esta medida foi reconhecida pelo STF em 2020 como constitucional, sendo considerada uma ferramenta de transparência, não uma sanção.

Casos em Mato Grosso

Em Mato Grosso, o empregador com o maior número de resgates foi a RC Mineradora, em Alta Floresta, com 10 trabalhadores retirados de suas atividades. Outro caso de destaque envolve o pecuarista Wilson José de Andrade Guedes, da Fazenda Passagem da Onça, em Chapada dos Guimarães, de onde foi resgatado um trabalhador.

O Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), responsável por operações em todo o país, completou 30 anos em 2025, tendo resgatado mais de 68 mil trabalhadores desde sua criação em 1995 e garantindo mais de R$ 156 milhões em verbas salariais e rescisórias às vítimas.

Denúncias de trabalho em condições análogas à escravidão podem ser feitas de forma remota e sigilosa pelo Sistema Ipê, plataforma exclusiva lançada em 2020 em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e totalmente integrada ao Fluxo Nacional de Atendimento às Vítimas do Trabalho Escravo.

Empregadores de Mato Grosso incluídos na Lista Suja:

  • RC Mineradora Ltda, Alta Floresta – 10 trabalhadores
  • Tomas Andrzejewski, Vila Bela da Santíssima Trindade – 7 trabalhadores
  • Madeireira Medianeira, Nova Maringá – 7 trabalhadores
  • Guizardi Junior Construtora e Incorporadora Ltda, Chapada dos Guimarães – 5 trabalhadores
  • Manoel dos Santos, Cuiabá – 3 trabalhadores
  • Tomaz Edilson Filice Chayb, Nova Xavantina – 3 trabalhadores
  • Roberto dos Santos, Comodoro – 2 trabalhadores
  • Eduardo Antônio Barros da Silva, Nova Xavantina – 1 trabalhador
  • Wilson José de Andrade Guedes, Chapada dos Guimarães – 1 trabalhador
  • Welmiston Aparecido Oliveira Borges, Cáceres – 1 trabalhador
  • Vilson Balotin, União – 1 trabalhador

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