Levantamento com base nos dados do Google Trends, em outubro de 2025, mostra que Mato Grosso lidera o ranking de interesse por imigração para os Estados Unidos, com 96% das buscas relacionadas ao tema direcionadas ao país norte-americano.
Em seguida aparecem estados do Sul e Sudeste — como Rio Grande do Sul (59%), São Paulo (55%) e Paraná (54%) —, onde os EUA também concentram a maioria das pesquisas.
Os dados foram extraídos com abrangência nacional e todas as categorias de busca. O Google Trends mostra interesse proporcional de busca (0 a 100).
Por outro lado, Portugal se consolida como o principal destino europeu buscado por brasileiros, especialmente entre os estados do Sudeste e Sul.
Segundo dados da Embaixada de Portugal no Brasil, a maioria dos vistos emitidos têm origem em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, seguidos por Bahia, Pernambuco, Distrito Federal e Goiás.
Embora as buscas online indiquem forte interesse presente também nas regiões Norte e Nordeste, dados consulares, em conjunto com números da multinacional Hayman-Woodward, mostram que as regiões Sul e Sudeste são as que mais concretizam o processo migratório.
Esse movimento reflete a maior concentração de renda, o acesso a programas de dupla cidadania e a proximidade cultural e linguística com Portugal.
A liderança destes estados com o histórico da imigração brasileira, tradicionalmente concentrada em regiões como Minas Gerais e Goiás.
O CEO Leonardo Freitas, aponta que esse fenômeno reflete mudanças econômicas e demográficas significativas no Brasil.
“O interesse crescente por Portugal está ligado a fatores como a facilidade de obtenção de visto, acordos bilaterais e programas de residência para brasileiros. Já os EUA seguem como destino tradicional para quem busca oportunidades econômicas, especialmente em estados com forte presença do agronegócio e exportação, como Mato Grosso”, explica Leonardo Freitas.
Atualmente, cerca de 2,08 milhões de brasileiros vivem nos Estados Unidos, segundo dados recentes do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) de 2024/2025.
Este número inclui tanto brasileiros com status legal quanto imigrantes que precisam de regularização, e é parte de uma comunidade brasileira no exterior estimada em cerca de 4,9 milhões, o que significa que quase 30% da comunidade brasileira no mundo está concentrada em território norte-americano.
LÍDER ISOLADO – Os dados do Google Trends mostram também uma distribuição interessante quando se trata de buscas na internet por imigração em diferentes regiões do país.
Enquanto alguns estados demonstram forte interesse por imigração aos EUA, outros focam suas buscas em Portugal, revelando preferências distintas baseadas em fatores culturais, linguísticos e econômicos.
Estados do Nordeste como Piauí, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Rondônia apresentam interesse praticamente exclusivo por Portugal, o que pode ser explicado pela facilidade do idioma e programas de visto específicos.
Por outro lado, o eixo Sul-Centro-Oeste mantém forte interesse nos Estados Unidos.
Além de Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e DF lideram o grupo de estados onde a busca por imigração norte-americana é altamente expressiva no volume total de pesquisas.
PORTUGAL – “Essa diversificação nos padrões de busca revela que o brasileiro está mais informado e estratégico sobre seus destinos, buscando oportunidades que mais se alinham ao seu estilo de vida e ao de suas famílias”, analisa Freitas.
DESAFIO E OPORTUNIDADES – O interesse crescente pela imigração aos Estados Unidos ocorre em um contexto particularmente desafiador.
Em 2025, o número de brasileiros deportados dos EUA chegou a 2.268, o maior volume desde 2020, de políticas migratórias mais rígidas implementadas recentemente, especialmente após a posse do governo Donald Trump em janeiro de 2025.
Atualmente, cerca de 11 milhões de pessoas vivem sem autorização no território americano, sendo que brasileiros representavam 230 mil desse total segundo levantamentos do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS). Os dados reforçam a importância de processos migratórios legais e bem estruturados.
Apesar dos desafios, os Estados Unidos seguem sendo o destino mais desejado. Nova York, Boston e Miami concentram mais de 1,3 milhão de brasileiros, formando comunidades estabelecidas que facilitam a integração de novos imigrantes.
“O cenário atual exige ainda mais planejamento e assessoria especializada. Não basta ter o desejo de emigrar; é fundamental entender os caminhos legais disponíveis, seja por meio de vistos de investidor, trabalho qualificado, estudos ou reunificação familiar”, enfatiza Freitas.
VISTOS E INVESTIMENTOS – Para quem busca imigrar de forma legal e estruturada, os Estados Unidos oferecem diversas modalidades de visto que atendem a diferentes perfis.
Entre as opções mais procuradas por brasileiros estão:
Vistos baseados em habilidades extraordinárias e interesse nacional:
EB-2 NIW (National Interest Waiver): Permite que profissionais com qualificações avançadas e cujo trabalho beneficie os interesses nacionais dos EUA obtenham green card sem necessidade de empregador patrocinador.
EB-1O: Para indivíduos com habilidades extraordinárias em áreas como ciências, artes, educação, negócios ou atletismo.
O-1: Visto temporário para profissionais com habilidades extraordinárias, incluindo fotógrafos, artistas e atletas.
Vistos de investimento:
EB-5: Programa que concede green card para investidores que aplicam a partir de US$ 800 mil em projetos que geram empregos nos EUA, atraindo empresários do agronegócio e empreendedores brasileiros.
Vistos para empreendedores e executivos:
L-1/L-2: Para transferência de executivos e gerentes de empresas multinacionais, permitindo que o cônjuge (L-2) também trabalhe nos EUA.
E-2: Para investidores de países com tratado comercial com os EUA. Brasileiros com cidadania portuguesa podem se qualificar através dessa segunda nacionalidade.
Vistos profissionais e especializados:
Visto I: Destinado a profissionais de imprensa e mídia.
Visto P: Para atletas, artistas e profissionais do entretenimento.
Vistos de estudo e trainee:
F-1: Para estudantes, que permite trabalho parcial durante os estudos e, posteriormente, experiência profissional através do programa OPT (Optional Practical Training).
J-1/J-2: Programa de intercâmbio para trainees e pesquisadores, com a vantagem de que o parceiro (J-2) também tem direito a trabalhar nos EUA.
“O perfil do brasileiro que busca os Estados Unidos mudou. Não falamos mais apenas de trabalhadores em busca de melhores salários, mas de famílias inteiras planejando uma mudança estruturada, investidores diversificando patrimônio e jovens profissionais buscando experiência internacional. Os dados do Google Trends confirmam que essa busca está concentrada em regiões economicamente aquecidas, o que demonstra que a imigração contemporânea é, cada vez mais, um projeto familiar de longo prazo que exige planejamento financeiro e jurídico”, finaliza o CEO. (Diário de Cuiabá)









