Mato Grosso é a economia que mais cresce no país, mostra estudo

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O Estado de Mato Grosso foi a unidade da Federação que teve o maior ritmo de crescimento anual no país, entre 1985 e 2019. Com isso, ficou acima da média de crescimento econômico nacional anual para o período – sendo quase duas vezes mais forte do que média anual do Brasil.

Já a economia do Rio de Janeiro foi a que apresentou a menor cadência de alta anual do Produto Interno Bruto (PIB)

É o que mostra estudo divulgado ao jornal Valor Econômico pela economista Juliana Trece, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), e de Marcel Balassiano, pesquisador licenciado do FGV Ibre e atualmente subsecretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Impulsionada pela boa performance do setor agropecuário, a economia mato-grossense cresceu em média 6,4% ao ano no período selecionado pelos pesquisadores.

Os economistas também mensuraram ritmo de crescimento de São Paulo no período, maior economia estadual do país, e calculam que o PIB no Estado subiu 2% ao ano, em média, inferior à média nacional, devido aos desempenhos mais fracos nos setores de construção e indústria.

No levantamento, os especialistas calculam que a taxa de crescimento real média do Rio foi de 1,5% ao ano no período, inferior a de outros Estados e abaixo da de 2,3% para Brasil em 35 anos.

No entendimento dos pesquisadores, a menor atratividade do Rio para investimento, ao longo das décadas, causada por políticas públicas ineficientes, levou ao atual cenário.

Embora tenham calculado as taxas médias de crescimento para todas unidades da federação, foi a trajetória da economia do Rio, em horizonte de longo prazo, a que mais chamou atenção dos dois economistas. No estudo, denominado “Panorama da Economia Fluminense: o Pior Desempenho do Brasil”, eles alertam ainda que a performance mais fraca do Estado frente ao ritmo de crescimento econômico nacional causou recuo na parcela fluminense no total do PIB do Brasil.

Em 1947, essa fatia era de 15,9% mas se reduziu para 9,9% em 2021, de acordo com estimativas do especialistas. “O Rio de Janeiro é a segunda maior economia do país”, afirmou Balassiano.

“Perder para São Paulo é aceitável, mas não para outros. Desde 1985, o Rio é o que menos cresce. Isso por si só, é muito forte e deprimente”, declarou ele.

Balassiano reconheceu que, no período delimitado, o país inteiro passou por sucessivas crises econômicas, e o Rio de Janeiro também foi afetado.

Na última década, o especialista lembrou a recessão entre 2014 e 2016, bem como a crise na economia causada pela pandemia em 2020.

Esse último período ficou conhecido, por alguns economistas, como “década perdida na economia”, nas palavras do técnico. “Mas, com década perdida e tudo o mais, o Rio de Janeiro conseguiu ser pior do que o Brasil”, comentou Balassiano.

Ao detalhar panorama desfavorável na economia fluminense apontado no estudo, os dois especialistas calcularam, ainda, crescimento médio anual entre 1985 e 2019 de 12 atividades econômicas no Rio e, ao mesmo tempo, calcularam média anual de crescimento, para essas mesmas categorias, em nível nacional.

À exceção de indústria extrativa, em que a produção de óleo e gás se destaca, o Estado do Rio teve desempenho pior do que o nacional em todas as outras 11 atividades, em 35 anos.

Vários fatores contribuíram para cenário da economia fluminense até 2019. Os especialistas afirmam que houve muita incerteza na condução de políticas públicas do Estado durante o período.

De 11 governadores entre 1985 e 2019, seis foram presos ou afastados por problemas de corrupção.

Ao mesmo tempo, por ausência de investimentos e falta de direcionamento de recursos, problemas de infraestrutura e de segurança fizeram com que o Estado fosse preterido por outros, pelas empresas, em empreendimentos de grande porte.

“E a economia do Rio tornou-se pouco diversificada, muito dependente da indústria de petróleo”, acrescentou Juliana Trece.

Isso faz com que, quando o setor petrolífero vai mal, derrube de forma mais intensa a atividade econômica do Estado como um todo, notou ela.

Ao falar sobre outros Estados, a técnica reiterou que o grande destaque positivo, dos números do estudo, foi o Estado de Mato Grosso.

“No caso de São Paulo, transformação e construção tiveram baixa de crescimento em atividade ”, afirmou a economista, lembrando que o ritmo de crescimento da economia paulista também ficou abaixo da média nacional.

“Mas, em Mato Grosso, a agropecuária teve papel de destaque [na média de crescimento econômico estadual]. Entre 2002 e 2019 a agropecuária brasileira cresceu a uma taxa média de 3,2% ao ano. No caso de Mato Grosso, esse crescimento foi de 8,2% ao ano”, afirmou.

DC/Com informações do Valor Econômico