A Justiça condenou nesta sexta-feira (17) Dione Marcos Luna Lovo a 18 anos de prisão pelo assassinato da esposa, Daiane Pacífico da Silva, em junho de 2024, em uma estrada rural de Aripuanã (MT). O crime foi inicialmente apresentado como um acidente de motocicleta, mas a perícia revelou que a vítima foi morta com um tiro à queima-roupa, disparado pelo próprio marido.
O Tribunal do Júri reconheceu que o crime foi cometido por razões de gênero e com meio que dificultou a defesa da vítima, caracterizando o feminicídio. A sentença também incluiu condenação por porte ilegal de arma de fogo, e o réu não poderá recorrer em liberdade.
Um crime encoberto por uma falsa versão
De acordo com o Ministério Público de Mato Grosso, o casal passou o dia confraternizando com amigos em uma propriedade rural. No fim da tarde, Daiane pediu para voltarem para casa, preocupada com o estado de embriaguez do marido.
Eles seguiram de moto, com ela na direção e ele na garupa. Durante o trajeto, Dione, que portava uma arma na cintura, chegou a efetuar disparos em meio à estrada, assustando o outro casal que os acompanhava. Pouco depois, os dois caíram da motocicleta. Segundo a denúncia, o homem se levantou, apontou o revólver para o rosto da esposa e atirou, encostando a arma em seu nariz. Daiane morreu no local.
Versão desmontada pela perícia
Logo após o crime, Dione afirmou à Polícia Militar que a esposa havia perdido o controle da moto. Ele chegou a ser levado como vítima para prestar depoimento, e o caso foi registrado como acidente de trânsito.
A história começou a desmoronar quando o médico que atendeu o caso se recusou a emitir o laudo de óbito, por notar incompatibilidades entre os ferimentos e o suposto acidente. O corpo foi encaminhado à Politec de Juína, onde o exame de necropsia confirmou a morte por disparo de arma de fogo próximo à cabeça.
Com o resultado, a Polícia Civil passou a tratar o caso como homicídio. O delegado Marco Bortolotto Remuzzi determinou buscas na casa de Dione, onde foram apreendidas duas armas de fogo, um revólver calibre 38 e um rifle calibre 22, enviados para perícia.
Dias depois, o suspeito voltou à delegacia, negou o crime, mas entrou em contradição diversas vezes. A Justiça decretou sua prisão preventiva, e ele permaneceu detido até o julgamento.
Condenação
Mais de um ano após o crime, o júri reconheceu o feminicídio e fixou a pena em 18 anos de reclusão em regime fechado. A decisão encerra um caso que começou com aparência de tragédia na estrada e terminou como mais um episódio da violência letal contra mulheres em Mato Grosso. (Primeira Página)