No ditado popular, quando se diz que “ninguém quer ser o pai da criança”, fala-se em algo de ruim que nenhum sujeito quer ser o autor do feito. Na política, no entanto, a metáfora recorrente parece ser a da figura matriarcal. Se não é assim para todos, pelo o menos é para o ministro Blairo Maggi (PP) que, nesta sexta-feira (11), voltou a defender a retomada das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) usando como exemplo uma gravidez que não pode ser interrompida.
“O VLT terá que ser resolvido. Isso é como uma gravidez: passou de determinados meses de gravidez, não tem como abortar, tem que terminar. Ao nomear o Wilson, o Taques está dando a ele a incumbência de resolver isso”, disse o ministro.
A frase foi utilizada por Maggi em outras ocasiões ao ser questionado sobre os andamentos da obras. Dessa vez, porém, o ministro da agricultura lembrou que a nomeação de Wilson Santos (PSDB) como Secretário de Cidades pode ser um sinal de que finalmente o tão sonhado modal sairá do papel. O tucano já divulgou que foi até Brasília articular recursos junto ao Ministério das Cidades e à Casa Civil, e promete montar equipe com técnicos do VLT do Rio de Janeiro.
A época da preparação para a Copa do Mundo 2014, Blairo defendeu o Bus Rapid Trandit (BRT), espécie de corredor de ônibus, cujos investimentos seriam mais baratos. Como governador, ele investiu na proposta de BRT e chegou a obter financiamento para a obra. Porém, no governo seguinte, o modal de transporte foi alterado.
Filho órfão
Além de Wilson, Blairo recordou uma conversa que teve com o governador Pedro Taques (PSDB). No diálogo, Taques teria dito ao ministro que quer sim entregar a obra a população e que já tem convidado técnicos e políticos para realizar o projeto.
“O Taques me disse outro dia que vai trazer para cá a pessoa que implantou o VLT no Rio de Janeiro, uma pessoa que mora aqui, inclusive, e que tem uma larga experiência nessa área. Ele começa a dar sinais de que quer resolver isso e a própria Caixa Econômica Federal e o Governo Federal não vão deixar as coisas assim: vão colocar um pouco mais de recurso”, afirmou.
No Rio de Janeiro, o “pai” ou “mãe” do VLT carioca é o prefeito Eduardo Paes (PMDB) que foi muito criticado pelo modelo de transporte adotado durante as obras para receber as Olimpíadas este ano. Em Cuiabá, o modal foi uma ideia do ex-deputado José Riva, abraçada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Este último está preso no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), enquanto o último segue em prisão domiciliar. Agora, resta saber se o VLT é, ou não, um filho órfão.