Mães e familiares de crianças e adolescentes atípicos se reuniram, nesta terça-feira (25), em uma manifestação em frente à Escola Estadual Antônio Epaminondas, localizada no bairro da Lixeira, em Cuiabá. O ato foi promovido após denúncia feita por Viviana Mendes, que recebeu imagens de seu filho sendo agredido dentro do banheiro da instituição por um grupo de alunos.
A agressão aconteceu no dia 12 deste mês, no entanto, a mãe só descobriu a filmagem no domingo (23) após vizinhos relatarem que as imagens estavam circulando em grupos de Whatsapps. A vítima é um adolescente de 12 anos com autismo e que estuda há um ano na unidade. Em depoimento ao Gazeta Digital, Viviana contou sobre os insultos direcionados ao filho.
“Vários meninos se juntaram para agredi-lo, para xingar e insultar. Outros começaram a agravar e colocaram em um grupo de WhatsApp pelo simples fato dele ser autista. Eles estavam falando que meu filho é autista, louco”, relatou a mãe.
Conforme noticiado, a mulher procurou funcionários da escola e estes relataram que o filho teria provocado os agressores. Porém, diante das imagens, a mãe está convicta de que o menino foi vítima da violência.
Outras mães atípicas se solidarizaram com a situação e relataram que seus filhos também foram ridicularizados e agredidos. Cristiana da Silva de Souza, 36, tem um filho autista de 16 anos que passou por uma situação parecida há duas semanas.
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“Pressionaram ele na parede, queriam bater nele, chamaram ele de autista, de louco, falaram que ele era um ‘nerdola’. Eu entrei em desespero muito grande de ver aquela situação com meu filho. Só não foi filmado, mas tudo isso que ele (filho de Viviana) estava passando foi o que meu filho passou”, expõe Cristiana.
Os dois adolescentes fazem parte da Associação Autismo Projeto Social Mundo Azul Te Amo, que funciona como rede de apoio para pessoas neurodivergentes. A presidente do projeto, Cristiane Lisboa, pontuou que a manifestação é para cobrar uma resposta de autoridades.
“O protesto não é por justiça, o protesto é por paz e respeito. O que podemos fazer para que os olhos públicos nos alcancem? Porque isso não é algo que está fora da realidade. Isso está acontecendo em vários lares. Se fosse uma escola particular, estaria fechada. Se fosse um pai ou uma mãe que tivesse agredido, estaria provavelmente preso. E quando se fala da negligência do poder público? O que fazer? Não há palavras para expressar esse ato cruel que ocorreu”, alegou a presidente.
Outro lado
A reportagem procurou a assessoria da Secretaria de Estado de Educação Estadual (Seduc), que encaminhou a seguinte nota
Após uma reunião entre a equipe psicossocial e os responsáveis pelos alunos envolvidos, na tarde desta terça-feira (25), foi decidido que a escola fará atribuição de um professor mediador para desenvolver ações especificas de convivência entre os estudantes, além de fortalecer as ações da política da educação inclusiva que são realizadas rotineiramente na unidade. (Fonte: Gazeta Digital)