Mãe cita transtorno do filho e diz: ‘Mataram um pedaço de mim’

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Iracema Alves, mãe de Ney Muller Alves Pereira, morto a tiros pelo procurador Luiz Eduardo Figueiredo Rocha e Silva, disse estar incrédula com o crime e afirmou que “parte dela também morreu” com o filho.

“Meu coração está partido. Não foi só ele que mataram, mataram um pedaço de mim também”, disse ela em entrevista ao programa Cadeia Neles, da TV Vila Real, na manhã desta sexta-feira (11).

Iracema contou que o filho foi diagnosticado com transtorno mental quando tinha apenas 4 anos e, desde então, fazia tratamentos e ficou por vários anos internado.

“Mesmo sendo internado, quando estava em crise ele saia andando. Muitas das vezes fui atrás, o meu filho David [irmão] foi atrás para procurar, para trazer para casa, para interná-lo”, disse ela.

Segundo Iracema foram inúmeras as internações de Ney e em diferentes instituições. Como no Instituto Bairral de Psiquiatria, em São Paulo, e no Hospital Espírita Eurípedes Barsanulfo, em Goiânia, por quase um ano e meio: “Assim foi a nossa trajetória com meu filho”, disse.

Um laudo apresentado pela mãe à reportagem do programa mostrou que o filho tinha transtorno mental diagnosticado, era totalmente “incapaz”, precisava “ser interditado” e estava “impossibilitado de exercer os atos da vida civil”, dizem trechos do documento.

Segundo Iracema, até meados do ano passado, o filho estava internado no Hospital Adauto Botelho, por meio de ordem judicial.

“Quando ele fugiu ficou cinco meses perdido em São Paulo e lá começou a usar entorpecentes”, contou a mãe.

“Quando ele estava tomando a medicação certinha, era um menino que parecia ser normal, tinha aquilo de quase não dormir, mas ele era aquele filho amoroso”, disse.

Incrédula 

Iracema disse ter ficado incrédula quando descobriu que o filho foi morto por um procurador da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

“Não acreditei que ele tinha matado meu filho. Quando vi os vídeos dele chamando meu filho, não acreditei que era capaz de fazer uma coisa dessas”, repetia a mãe.

“Eu quero que ele pague pelo que fez. Eu quero que a justiça seja verdadeira e que sinta o coração desta mãe que está partido. Ele não deveria ter feito isso, porque se alguém fizesse com o filho dele, sei que ele iria sofrer também”, finalizou.

O crime

Ney Muller Alves Pereira, que vivia em situação de rua, foi assassinado por volta das 21 horas da última quarta-feira (09.4), na Avenida Edgar Vieira, no Bairro Boa Esperança, em Cuiabá.

O autor do homicídio se aproximou em uma Land Rover e chamou a vítima. Quando Ney Muller se aproximou, foi atingido por um tiro. Após o disparo, o autor fugiu.

Segundo informações preliminares, o crime teria sido motivado pelo fato de a vítima ter danificado o carro do investigado. (Fonte: Midianews)