Com a divulgação da Organização Meteorológica Mundial (OMM) sobre a possibilidade de 60% da formação do La Niña no Oceano Pacífico, os mato-grossenses cultivaram um pouquinho de esperança quanto à possibilidade de chuvas e de temperaturas mais brandas no Estado. No entanto, as expectativas foram quebradas. Especialistas apontam que, se ocorrer, o La Niña será de baixa intensidade e não agregará mudanças significativas no tempo em Mato Grosso, seja em relação às temperaturas ou às chuvas.
“É um fenômeno de baixa intensidade. Ele vindo nessa situação, até a atmosfera entender essa atuação do fenômeno, vai demorar um pouco. Consequentemente, até ele de fato começar a atuar, alguns efeitos ficarão descaracterizados”, pontuou o meteorologista Guilherme Borges, do Instituto Climatempo.
O fenômeno é caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, em especial nas áreas próximas da Linha do Equador, que impacta na diminuição de temperaturas e incidência de chuvas. No entanto, esses efeitos sequer serão sentidos, justamente pela baixa incidência do La Niña desta vez.
“Os impactos dele no Mato Grosso seriam muito poucos. Na região Centro-Oeste, em anos de La Niña, os efeitos dela são de fazer com que a chuva volte mais cedo, principalmente na primavera. Mas isso não deve acontecer porque é um fenômeno de fraca intensidade, que nem se confirmou [ …] Ele vai ter uma atuação mais para o mês de novembro, que será o final da primavera, quase entrando na estação de verão, período marcado por mais incidência de sol. Então, esses efeitos do La Niña a gente não vai sentir”, pontuou o especialista.
O meteorologista Francisco de Assis relembrou que, em 2021 e 2022, o fenômeno, que atuou de forma mais intensa, surtiu efeito em toda a América do Sul.
“Se estivesse com uma La Niña moderada para forte, como ocorreu em 2021 e 2022, aí contribuiria para um novembro e dezembro mais chuvosos na região de Mato Grosso, na Baixada Cuiabana. Aí, as temperaturas também poderiam ser mais amenas”, explicou.
Já 2023 e o início de 2024 foram marcados pela incidência intensa da formação do El Niño, que tem características opostas a La Niña e consiste no aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, na região do Equador. O que culminou em temperaturas recordes no ano passado e, também, na falta de chuvas.
Ainda segundo a OMM, atualmente, as condições do fenômeno estão “neutras”. As previsões mais recentes da organização indicam uma probabilidade de 55% de que as condições neutras (sem El Niño ou La Niña) passem para La Niña entre setembro e novembro deste ano, aumentando para 60% de outubro de 2024 a fevereiro de 2025, com pouca chance de um novo El Niño durante esse período.
Fonte: Leiagora