O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, intimou o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) a se manifestar sobre a ausência de denúncia contra o vereador Paulo Henrique (MDB), alvo da Operação Ragnatela. Além de Paulo Henrique, o juiz questionou a ausência de denúncia contra o DJ Everton Detona, a influencer Stheffany Xavier de Melo Silva e outros cinco suspeitos que também foram alvos da ação policial.
O vice-líder do prefeito Emanuel Pinheiro na Câmara de Vereadores é suspeito de participar do esquema de lavagem de dinheiro para o Comando Vermelho, promovendo shows regionais e nacionais em casas noturnas. Promotores de eventos também são suspeitos.
“Compulsando os autos, vislumbra-se que o Ministério Público deixou de apresentar denúncia em relação aos investigados Antidia Tatiane Moura Ribeiro, Danilo Lima de Oliveira, Everton Marcelino Muniz, Renan Diego dos Santos Josetti, Stheffany Xavier de Melo Silva e Vinicius Pereira da Silva, supostos integrantes do ‘Grupo G12’, que se encontram em situação fática, aparentemente, similar à dos denunciados Ana Cristina Brauna Freitas, Matheus Araujo Barbosa e Rafael Piaia Pael, razão pela qual determino a intimação do órgão ministerial para que se manifeste, de forma fundamentada, sobre eventual arquivamento ou instauração de inquérito complementar”, destacou o juiz.
“Na mesma oportunidade, deverá o Ministério Público manifestar-se quanto ao investigado Paulo Henrique de Figueiredo Masson, indicando, de forma igualmente fundamentada, qual a medida adequada”, acrescentou.
Na mesma decisão, desta terça-feira (23), o juiz determinou a citação e intimação de outros 13 suspeitos para apresentarem defesa em dez dias, sob pena de nomeação de defensor público na ausência de advogado particular.
OPERAÇÃO RAGNATELA
A investigação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) identificou que uma das lideranças do Comando Vermelho, o faccionado Joadir Alves Gonçalves, o ‘Jogador’, adquiriu uma casa noturna em Cuiabá pelo valor de R$ 800 mil, pago em espécie, com o lucro auferido por meio de atividades ilícitas. A partir de então, o grupo passou a realizar shows de MCs nacionalmente conhecidos, custeado pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promotores de eventos.
Durante as investigações, também foi identificado que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária.
Ao todo, 24 pessoas são investigadas. Dessas, sete estão presas por envolvimento na organização criminosa e uma está foragida. Foram expedidos 36 mandados de busca e apreensão, nove sequestros de bens imóveis e 13 de veículos; e ainda duas ordens de afastamento de cargos públicos (policial penal e fiscal da prefeitura), quatro suspensões de atividades (casa de shows) e bloqueios de contas bancárias. (HNT)