O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra manteve a prisão de nove criminosos envolvidos na construção de um túnel de 30 metros para ter acesso à Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá. Os responsáveis pela escavação vieram do estado do Piauí para a empreitada criminosa e, entre eles, alguns já tinham experiência em atividades garimpeira, com trabalho em escavações.
Foram convertidas em preventivas as prisões de André de Araújo Sousa, Douglas Soares de Souza, Joab de Jesus, Antonio de Sousa, Dionisia de Jesus Rodrigues, Domingos Alves da Silva, Carlos Alberto Rodrigues da Silva, Alan Kenedi Alves de Souza Barbosa e Ednei Jaime de Sousa Laurindo.
Consta na decisão que, com exceção de Douglas e Domingos, os presos relataram que chegaram recentemente da Região Nordeste para trabalhar no garimpo, contudo, depois da chegada a Cuiabá, foram informados de que deveriam cavar o túnel até a unidade prisional para resgatar presos, sendo que André, Dionísia, Alan e Edinei, expressamente negaram que foram contratados para o resgate de custodiados ligados à facção criminosa Comando Vermelho.
Ainda, chamou atenção a quantidade de dinheiro que Andre afirmou ter recebido em tão pouco tempo, isto é, R$ 17, 8 mil antes de iniciar os trabalhos, quando ainda estava no estado do Piauí, mais R$ 12 mil depois de iniciados os trabalhos, pois, não parecia ser praxe que um contratante de garimpo disponibilizasse grande quantia a título de adiantamento, a corroborar com os indícios de que os envolvidos tinham conhecimento da prática ilícita e uniram seus desígnios no interesse do grupo criminoso.
PRISÃO E INVESTIMENTO
De acordo com as informações, os agentes estavam investigando uma denúncia na região quando encontraram o túnel. Ele tinha início em uma residência do bairro Jardim Industriário 1, próximo à penitenciária.
Ao chegarem à propriedade, os policiais encontraram um grupo de dez homens e duas mulheres na residência, trabalhando em diversas funções de suporte e execução para cavar o túnel em direção à unidade prisional.
Um vídeo realizado pela equipe da Polícia Civil mostra alguns dos objetos que estavam próximos ao túnel e teriam sido usados para a escavação. Segundo o levamento da GCCO, os criminosos conseguiram escavar aproximadamente 30 metros.
Ao todo foram investidos cerca de R$ 500 mil. Também foram apreendidos materiais usados na escavação, como pás, picaretas, entre outras ferramentas, além de cestas básicas e reservatórios de água.
De acordo com o delegado Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, o grupo estava há 20 dias na residência, que foi alugada em nome de um mestre de obras, cooptado por uma facção criminosa e a pessoa responsável por organizar e coordenar a escavação do túnel. Todas essas informações foram coletadas em entrevistas preliminares com os suspeitos e serão apuradas no decorrer da investigação.
O grupo realizava as atividades isolado, sem sair da casa. Para isso, estocaram alimentos e água suficientes para o abastecimento dos suspeitos.
Fonte: HNT