O jovem Luiz Gabriel Monteiro da Silva Valente, de 21 anos, acusado de extorsão pelo padre Denis Lucati, da Paróquia Caravággio, em Primavera do Leste, afirmou que foi sexualmente assediado pelo pároco após ser convidado por ele para trabalhar na Igreja.
Em um vídeo que circula na internet, Luiz, que é de Porto de Galinhas (PE), contou ainda que o padre teria lhe oferecido R$ 30 mil para não divulgar áudios e vídeos sobre ele.
Na segunda-feira (8) veio a público um boletim de ocorrência em que o padre acusa Luiz Gabriel de extorsão. O rapaz nega.
“Chegando aí, tinha mais dois meninos que dormiam na casa dele, que ele nunca quis divulgar com ninguém. Eu tive que ficar calado. No primeiro dia, ele falou que eu iria ter que dormir na cama dele, no mesmo quarto. Eu dormi tranquilo”.
“No segundo dia, eu acordei com ele me alisando nas partes íntimas. Fiquei muito desconfortável, sem saber o que fazer. Levantei na hora, fui para o banheiro e fiquei na sala”.
Após esse caso, Luiz disse que ficou com medo, e começou a se recusar a dormir no mesmo quarto com o padre. Diante disso, Lucati teria começado a humilhá-lo em diversas ocasiões.
“Ele começou a me tratar muito mal, com muita ignorância. Isso é porque é áudio. Vocês não sabem o que eu passei pessoalmente, todos os dias tendo que morar na casa dele, que é uma coisa que ele escondeu, e todo dia tendo que passar por isso”.
Com a escalada da situação, Luiz decidiu gravar áudios e vídeos das ocasiões em que era destratado pelo pároco e enviou em um grupo do qual fazia parte. Um desses arquivos, ele afirmou ter sido vazado.
“Eu [ainda] estava trabalhando lá. Ele falou que pediu desculpa, mas em momento nenhum esse cara nunca abriu a boca para me pedir desculpa. Ele só falou que pediu desculpa depois que o áudio já foi vazado […] Fez eu subir no altar mentindo para todos vocês aí”.
“Depois do áudio, [ele] começou a tirar tudo, deixar eu sem nada. Tudo que ele me proporcionou no começo, ele começou a cortar, [porque] eu não queria nada, não ia rolar nada. [E] ele sempre me abusando e sempre me tratando muito mal”.
“Eu nunca passei por isso na minha vida com ninguém. Imagine um filho seu, com um sonho, sair de um estado para o outro, para chegar lá, você pensar que seu filho está bem, está feliz, e seu filho sendo destruído, assediado, escutando coisas que nunca escutou na vida”.
Dessa forma, Luiz relatou que decidiu voltar para Porto de Galinhas, onde contou sobre o ocorrido para sua família e também contratou advogados.
Segundo ele, durante o tempo em que trabalhou na paróquia, não teve sua carteira assinada e na demissão não recebeu o valor total de dias trabalhados.
Ainda de acordo com Luiz, ele chegou a tentar contatar o padre após seu retorno à sua cidade natal, porém foi bloqueado em todas as tentativas. Assim, ele decidiu divulgar um dos áudios que gravou do padre.
“Ele veio pedir pelo amor de Deus para eu apagar. O advogado falou para eu ver até onde ele ia. Porque eu não quero dinheiro assim como ele ofereceu, de trato”. Segundo o rapaz, foi nesse momento que Lucati teria lhe proposto pagar R$ 30 mil.
“Esse dinheiro com certeza não iria ser dele. Que ele me ofereceu esses R$ 30 mil. Para vocês verem como ele assumiu tudo que fez. Além das provas, ele assumiu, ainda tentou me comprar para eu ficar calado. Isso é assédio sexual, é agressão verbal”.
“Estou passando por tratamento médico. Não estou conseguindo nem dormir, perdi 6 kg desde que cheguei. Comecei a desabar, lembrar das coisas, até sonhar… Isso é horrível! Desejo que ninguém passe por isso”.
Acusado de extorsão
No sábado (6), o padre denunciou à Polícia Civil que foi vítima de tentativa de extorsão por parte do ex-funcionário da paróquia.
Segundo o registro policial, o suspeito exigia R$ 100 mil para não divulgar imagens e áudios que o comprometeriam.
Conforme o padre, o suspeito Luiz Gabriel lhe disse que havia criado um grupo no WhatsApp com algumas pessoas e mandou nele fotos, imagens, áudios e vídeos que comprometem a imagem do religioso. E para que os integrantes do grupo não divulgassem os conteúdos, o suspeito exigia R$ 100 mil, conforme o boletim de ocorrência.
Fonte: Midianews