Alcançar um milhão de seguidores apenas com conteúdo orgânico e de interesse público nas redes sociais não era o que estava nos planos da jornalista Jaqueline Naujorks, que abriu uma conta no TikTok há pouco mais de dois anos. Ela atingiu essa marca na quinta-feira (20).
Em um misto de surpresa e de dever cumprido, ela contou ao g1 como tem sido se manter relevante dentro de uma plataforma digital permeada de vídeos virais e curtos que disputam atenção a todo momento.
“Acho que a rede social precisa de um papel social. Alguns influencers não tem mensagem construtiva e positiva, então a gente tem que usar essa ferramenta assim, para apoiar pessoas. Para fazer alguém sair da rede social e pensar que pode dar um rumo novo na vida e fazer essas vidas serem aproveitadas. Acho que é isso que devemos fazer como produtores de conteúdo”, afirmou.
Um dos vídeos dela teve mais de 5,3 milhões de visualizações. Jaqueline explicou que a energia que a move nessa luta diária contra o machismo veio da sua infância no Rio Grande do Sul.
“Venho de uma família de uma mãe solo, vó viúva, todo exemplo que tive são de mulheres fortes. Sempre fui engajada na causa de encorajamento de mulheres. Eu cresci em uma comunidade muito complicada e violenta, então, sempre atuei, inclusive como jornalista, nessa causa”, contou.
Com a pandemia de Covid-19, ela disse que passou a intensificar a produção de vídeos depois do expediente da redação. Era uma forma, segundo Jaqueline, de alcançar mais mulheres através das redes sociais e levar conhecimento a respeito da valorização feminina.
“Se eu parar para pensar que um vídeo meu falando o que é um relacionamento abusivo pode tocar a consciência de uma mulher e ela saia o quanto antes de perto de um abusador que pode vir a ser um agressor ou feminicida, é uma missão muito importante. A raiz do machismo que vitimiza mulheres é a falta de conhecimento, a ignorância”, contou.
Jornalista de MT conquista um milhão de seguidores com conteúdo sobre encorajamento feminino — Foto: Redes sociais/Instagram
Poucos dias depois de abrir a conta na rede social, ela disse que recebeu uma mensagem de uma seguidora do Rio de Janeiro, que tinha 57 anos e vivia há mais de 20 anos presa em um casamento abusivo.
Pouco depois, a seguidora enviou uma mensagem para a jornalista e contou que se separou do marido, que não permitia que ela bebesse ou saísse com amigas, e conheceu um novo homem que a valoriza plenamente.
“Ela tomou coragem de colocar um abusador para fora e reencontrou toda a felicidade que uma mulher merece, que é com respeito e consideração. É aproveitar seu tempo de vida, vivendo, e não servindo a alguém que nos desvaloriza”, disse.
Os seguidores homens, na maioria, aparecem no perfil dela com a intenção de atacá-la por causa do conteúdo dos vídeos. E o que ela faz com isso?
“A maior parte dos homens vem para me combater e dizer a clássica frase ‘nem todo homem’ e ‘você está generalizando’. Não é generalizar. Nós estamos falando de uma esmagadora maioria. Se não fosse, infelizmente, essa figura do homem abusador, a gente não ia precisar de uma Lei Maria da Penha e delegacia da Mulher aberta 24h”, afirmou.
Segundo Jaqueline, essa luta não tem um fim enquanto a sociedade continuar sendo, em sua maioria, baseada em preconceitos e retrocessos morais. Mas isso pode mudar com mais conhecimento.
“No quesito violência, não há distinção social, a mulher do patrão apanha tanto quanto a mulher do empregado. A mulher do político apanha tanto quanto a mulher da limpeza na casa dela. Então, isso nos iguala e eu tento ser o mais didática possível. Porque sei que ela vai entender sobre equidade e as diferenças de gênero, e vai ser mais uma menina consciente nessa luta”, contou.
Ajuda
Medida Protetiva online – Pode ser solicitada pelo site. Clique em “Solicitar Medida Protetiva” e depois em “Iniciar Pedido de Medida Protetiva”.
SOS Mulher – Botão do Pânico – Aplicativo que deve ser instalado no celular e poderá ser utilizado para mulheres com medidas protetivas determinadas judicialmente e que morem em em Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e Rondonópolis, cidades com unidades do Ciosp instaladas.
Fonte: G1 MT