Convocada para a Seleção Brasileira de Futebol Feminino, que estreia na Copa do Mundo nesta segunda-feira (24), a mato-grossense Ana Vitória, 23 anos, foi entrevistada pela CBF TV para contar um pouco sobre sua vida aos torcedores. Ela relembra sua infância, quando iniciou a carreira, e como enfrentou os preconceitos e barreiras sendo uma mulher em busca de espaço num meio predominantemente masculino.
Natural de Rondonópolis, a atleta conta que desde pequena queria ser jogadora. “Comecei a jogar futebol muito cedo, sou de Mato Grosso e lá é muito quente, na minha cidade faz realmente muito calor e a gente frequenta muito clubes, com piscina, campo, academia e tudo mais. E eu comecei a jogar futebol em uma escolinha do clube que minha família frequentava”, conta.
Na época, o professor viu potencial na menina e a levou para outra escolinha direcionada para quem queria seguir o sonho de ser jogadora. Aquele foi o início do sonho se tornar realidade.
Ana Vitória afirma ter três paixões: a família e amigos, animais e futebol. E seu amor pelo futebol e família caminham juntos, segundo ela. “Minha família é a grande responsável mesmo, eu diria. Sem eles, eu não tenho dúvida nenhuma que eu não estaria aqui hoje. Sem o apoio deles, tanto no moral quanto material, levar, buscar, bancar, correr atrás, perseguir o sonho junto. Eu acho que especialmente meu pai, ele sonhou mais do que eu.”
A atleta relembra que, como a mãe trabalhava, seu pai era incumbido de acompanhar os treinos e jogos, de buscar e levar nos treinos e essa missão continuou mesmo depois de Ana Vitória virar profissional. Os pais estão sempre presentes, assistindo a filha. “Minha família sempre fez parte, acho que mais do que fazer parte foi a grande responsável. Nós somos um time, eu e minha família somos um baita time”, completa.
Muito dedicada e versátil, Ana carrega times de peso em sua trajetória, como o Corinthians, o Benfica de Portugal, Paris Saint-Germain e a própria seleção brasileira. Ainda assim, a atleta destaca que precisou superar muitos desafios para chegar até a seleção.
“Eu jogava com os meninos desde os seis anos de idade e, quando eu tinha 8, minha mãe me levou em uma escolinha e eles não me aceitaram, nem a minha melhor amiga, pelo simples fato de nós sermos meninas e aquilo me deixou muito triste. Na época eu não tinha noção do quão atípico isso era (…). Sempre olheiros de clubes grandes iam e eu pensava: Será que vão gostar de mim? Mas isso não importa porque não tinha como levar e o maior desafio era esse”, explica.
Mesmo assim, ela não desistiu e, com o apoio da família, conseguiu ser aceita em outra escolinha, que a direcionou e deu as condições e preparações para que ela conseguisse sair da escolinha e passar para a categoria de base do masculina, um acontecimento inédito no futebol.
Estreante na competição, a meio-campista afirma que das diversas conquistas que teve durante sua carreira, como campeã brasileira, campeã da Taça Libertadores, entre outros campeonatos, há um espaço guardado para a vitória da Copa do Mundo, seu maior sonho profissional. “Acho que vou poder dizer minha maior conquista é essa, quando isso acontecer.”
Hoje, no auge da carreira, jogando na Europa e disputando uma Copa do Mundo, com chance de trazer um título inédito para o país, Ana Vitória pontua a importância desse momento. “A Copa é algo imensurável, é algo que você sente, ainda que eu explique, ainda que eu diga, não sei se farei jus à felicidade que eu senti quando ouvi o meu nome. Uma euforia, uma emoção, só sentindo aquilo que você vai entender”, conclui.
O Brasil estreia contra o Panamá nesta segunda-feira (24), às 8h (horário de Brasília), no Hindmarsh Stadium, em Brisbane, na Austrália. Fonte: Repórter MT