Influencer indígena do Alto Xingu é opção do Novo para 2026

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Foto: Reprodução/DC

A influenciadora indígena Ysani Kalapalo se filiou ao Novo e poderá disputar eleição para deputada federal em 2026.

“É um partido que, de alguma forma, representa aquilo em que eu acredito. O Novo apoia o empreendedorismo, quer libertar as pessoas através da economia. Eu defendo isso para o indígena também”, disse ela à Folha de S. Paulo.

Criticada por movimentos indígenas pelas posições de direita, ela não fala sobre uma futura candidatura, embora a expectativa exista dentro do Novo. “Não sei ainda”.

A indígena vive em uma aldeia do Alto Xingu (Extremo-Norte de MT) e se apresenta como uma mistura de quatro etnias (Kalapalo, Nafukuá, Aweti e Matipu). Ysani é atuante nas redes sociais “desde a época do Orkut”.

“Estou na internet desde 2008, quando a gente ainda não era chamado de influencer. Mas faço parte da primeira geração de influenciadores indígenas. Naquela época, eu recebi muito xingamento por ser indígena, apanhei demais virtualmente. Ouvia falar que índio não é gente, que índio é animal, que eu deveria sair da internet porque lugar de índio é no mato”, afirmou.

Ela se tornou mais conhecida em 2019, ao embarcar na comitiva do então presidente Jair Bolsonaro (PL) para a Assembleia-Geral da ONU, o que lhe rendeu críticas de movimentos indígenas organizados, como a Atix (Associação Terra Indígena Xingu).

“Eles se autointitulam os representantes oficiais do Xingu e pegaram assinaturas de caciques para dizer que ninguém apoiava a minha ida. A Atix quer manter os índios no cabresto, como 500 anos atrás. Eu sou uma indígena que quer autonomia e independência, porque não quero ver meu povo passando fome. Quero que o povo tenha desenvolvimento econômico para não depender do Governo”, disse.

Ysani afirma que já liderou um movimento indígena organizado, entre 2011 e 2014, quando lutava contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, e diz que, em geral, sempre teve uma experiência ruim com ONGs.

“Vi que eles estavam agindo mais por interesse próprio do que por interesse social. Comecei a atuar sozinha”, afirmou. “E sempre tem uns caciques traíras”, completou, ainda sobre o caso Belo Monte.

Ysani rompeu com Bolsonaro em 2020. Disse que o ex-mandatário não fez a reestruturação necessária na Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).

“Eu não passo pano para político. Deixei de apoiá-lo”, disse ela, para quem a Funai continua ruim.

“Os escritórios regionais da Funai estão abandonados. Ela foi boa nas décadas de 1980 e 1990. Foi quando a Funai mais fez pelo índio. De 2000 para cá, só ladeira abaixo”, criticou ela. Ela segue, contudo, atuante nas redes sociais.

“Continuo falando da questão indígena, mas agora uso de humor para captar mais a atenção das pessoas”, explicou ela, que em 2025 pretende apresentar um podcast indígena, em seu próprio canal no YouTube, além de lançar um livro.

Fonte: Diário de Cuiabá