Imprensa de Mato Grosso perde o jornalista Maurício Barbant, o poeta da imagem

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Considerado um dos remanescentes da era romântica do fotojornalismo e eternamente bem humorado, o  jornalista  Edmar Maurício Barbant, 61 anos, morreu na noite deste domingo (4), vítima de câncer, no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá. Ele lutava pela vida há tempos, contra câncer de pélvis e intestino.

Maurício Barbant era jornalista e bacharel em Direito. Fanático pelo Corinthians, por décadas popularizou, em Cuiabá, um bordão: “Vai, Corinthians!”

Ele era a alegria em pessoa. Estava sempre de bom humor. Mesmo nos momentos mais difíceis de enfrentamento da enfermidade, Barbant tinha um sorriso largo, no rosto e por vezes fazia piada do tratamento.

No final da década de 1980, Barbant recebeu o apelido de “poeta da imagem”, conferido pelo então vereador e jornalista Arnaldo Camarão (in memorian), após fazer uma série de trabalhos free lancer para a Câmara de Cuiabá.

Na época, de posse da sua máquina fotográfica, ele registrava o cotidiano dos bairros, como ruas lamacentas (sem asfalto), pessoas em pontos de ônibus sem cobertura, crianças brincando nas ruas por ausência de área de lazer e falta d’água, entre outras cenas. Quase todas as imagens da época eram em preto e branco, registradas e reveladas em laboratório pelo próprio Barbant, antes de serem entregues ao acervo da Câmara.

Natural de Tupã (SP), Maurício Barbant veio a Mato Grosso por ter sido aprovado em concurso e convocado para as fileiras da Polícia Militar. Ficou pouco tempo na caserna, porque sua verdadeira paixão era a fotografia. Ou melhor: o fotojornalismo.

Em 1989, ele cobriu a rebelião no Presídio do Carumbé, atual Centro de Ressocialização. Barbant imortalizou em fotografia a imagem do, na época, major Eldo Sá Corrêa, então diretor do presídio, com facas fixadas em sua jugular, sendo mantido refém pelos encarcerados rebelados. A imagem saiu nos principais veículos de comunicação do país e até na Europa.

A fotografia lhe rendeu o terceiro lugar do Prêmio Esso de Jornalismo – Regional Centro-Oeste, na época o maior reconhecimento ao trabalho da imprensa. A imagem atualmente compõe o acervo do Arquivo Público do Estado.

Barbant trabalhou nos principais veículos de comunicação, como Diário de Cuiabá, Jornal do Dia, O Estado de Mato Grosso, Revista Contato, Folha do Estado, Correio de Mato Grosso e Revista RDM, entre outros. Também foi repórter fotográfico free lancer do Correio Brasiliense, O Globo, FolhaPress e o Agência Estado, entre outros.

Pela qualidade do seu trabalho, sempre era convidado para assessorias. E assim fez parte de equipes da Secretaria de Comunicação do Estado (Secom-MT), Secretaria de Comunicação de Cuiabá e há mais de 10 anos atendia à Presidência da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

“Hoje é um dia escuro, mas o nosso poeta da imagem continuará clicando, agora, acompanhado de anjos e querubins. Seu legado de imagens está eternizado nos corações de todos”,  disparou o seu amigo Darwin Júnior, jornalista que foi seu colega no jornal Folha do Estado.

Maurício Barbant deixa a esposa Maria e duas filhas. “Ele foi um guerreiro. E partiu em paz”, disse a sua companheira Maria Barbant, por mensagem.

A família confirmou o velório na Sala das Orquídeas – Capela Jardins, a partir das 8 horas desta segunda-feira (5), e o sepultamento está previsto para às 16 horas, no Cemitério da Piedade – área central de Cuiabá.

O velório será nesta segunda-feira (05), na Capela Jardins, sala Orquídea, a partir das 8h. O sepultamento às 16 horas, no Cemitério da Piedade, em Cuiabá.

*RONALDO PACHECO é Diretor de Redação, afilhado de casamento, amigo e fã de Maurício Barbant.