A defesa de um dos presos acusados de atear fogo em dois caminhões para interromper o trânsito na BR-163, como forma de protesto contra a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições, usou dois argumentos para tentar convencer a Justiça Federal para reverter a prisão em flagrante do empresário.
Um deles é que o Comando Vermelho, confiante no “poder do Lulão”, já havia decretado que apoiadores de Bolsonaro seriam mortos, enquanto os eleitores do presidente Lula seriam poupados.
A alegação foi feita pelo advogado do empresário Olair Corrêa, que também descreveu não ter a intenção de ver seu cliente convertido em um “mártir no norte do Estado” e alegou que caso permanecesse preso, o comércio fecharia as portas por seis dias.
Os argumentos não convenceram o juiz federal Jeferson Schneider, da 5ª Vara de Mato Grosso, que converteu em prisão preventiva a detenção em flagrante de Olair e Dani José Ribeiro, outro envolvido nos atos criminosos. Além disso, o magistrado ainda afastou o sigilo dos dados telefônicos de ambos.
“Por derradeiro, quanto ao Comando Vermelho dominar o presídio em Sinop e possuir preferências políticas, ao contrário do alegado pela defesa técnica, não é fato público e notório que dispensa ser provado, carecendo a narrativa de qualquer respaldo factual”, diz trecho da decisão.
O juiz ainda comentou que o cidadão brasileiro precisa ter plena compreensão de que vivemos em uma sociedade na qual a liberdade de um não pode ser restringida pelo outro.
“[…] são dois iguais perante a lei. Neste sentido, cabe ao Estado fazer com que os limites da liberdade de cada um sejam respeitados, para que todos possam usufruir dessa mesma liberdade na mesma extensão. Do contrário, alguns gozarão de plena liberdade, enquanto outros não. A ideia de diferentes liberdades, resvala para fora do Estado democrático de Direito”, destacou.
Olair chegou a gravar um vídeo pedindo PIX para pagar alimentação das pessoas que bloqueavam a rodovia em Sinop.
O caso
Os empresários foram presos em flagrante em Sinop por atear fogo em dois caminhões na BR-163, próximo à cidade de Sinop. Os dois estavam a bordo da mesma caminhonete filmada por vítimas da dupla. Caminhoneiros haviam acionado a polícia para denunciar ameaças feitas por ocupantes do veículo.
A dupla foi presa em um bar. Os dois tentaram fugir quando os policiais se aproximaram.
Durante busca na caminhonete, foram encontrados sete recipientes de óleo de um litro, aparentemente, de gasolina, além de estopa e isqueiro.
Fonte: Estadão de MT
