A advogada Gisela Simona (União Brasil), candidata a deputada federal, classificou como “justiça” a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassou o mandato do deputado federal Neri Geller (PP). Ele também ficará inelegível por oito anos.
Gisela era suplente de Neri, conforme resultados das eleições de 2018. Eles estavam no mesmo grupo naquele pleito, mas ele teve 73 mil votos, enquanto ela 50 mil. A soma de votos ajudou a eleição do parlamentar, mas ele não deu espaço para ela assumir a cadeira em nenhuma oportunidade.
Já nesta terça-feira (23), Geller foi acusado de abuso de poder econômico naquela eleição.
“O poder econômico tirou de nós a oportunidade de ter exercido um mandato realmente popular. Embora tardia, fico feliz com o resultado de poder, com essa decisão da Justiça, assumir o lugar que era nosso”, disse.
“A gente comemora uma decisão que faz justiça àquilo que vivemos no dia a dia das eleições. […] Uma pessoa ultrapassar isso, usar de meios ilegais, é algo que não concordamos”, acrescentou.
Apesar disso, Gisela disse que a “justiça” demorou para ser feita e citou o “sacrifício’ que fez no pleito de quatro anos atrás.
A advogada disse que, agora, irá esperar os trâmites judiciais para assumir a função na Câmara Federal.
“Comemoramos a decisão da Justiça, independente do resultado que venha a vir. Se vamos assumir ou não, se é amanhã, se é faltando um dia para o término do mandato… Enfim, vamos aguardar toda burocracia da Justiça”, finalizou.
A decisão
Segundo o Ministério Público Eleitoral, Neri Geller, que é produtor rural, teria feito triangulações com doações de empresas, o que é proibido pela legislação, por meio da conta do filho dele, Marcelo Piccini Geller.
Além da triangulação com o filho, Geller é acusado de ter realizado doações na campanha de 2018 que totalizaram R$ 1,327 milhão. Tais doações, somadas aos próprios gastos de sua campanha, que foram declarados ao valor de R$ 2,4 milhões, ultrapassariam o limite dos gastos de campanha estipulado em R$ 2,5 milhões.
“O MPE formula desde a exordioal pedido de afastamento de sigilos bancário e fiscal, tensionado se aprofundar na trama financeira e verificando a apartir daí triangulação monetária”, afirmou o ministro Mauro Campbel em seu voto.
“O MP Eleitoral narra que houve verdadeiro estratagema engendrado pelo investigado consubstanciado no mascaramento da utilização recursos de pessoas jurídicas por meio de atuação de pessoa física interposta (“laranja”), no caso o filho do investigado. Alega-se que o investigado, ao receber recursos financeiros de pessoas jurídicas, repassava tais montantes à conta de seu filho, o qual em ato contínuo restituía tais numerários à conta de seu genitor, conferindo ares de licitude a movimentações bancárias”, relatou o ministro, que foi seguido pelos colegas.
Os outros seis ministros da Corte Eleitoral acompanharam o voto do relator.
Com a decisão, o parlamentar fica inelegível por oito anos, a partir de 2018, e deve ter o registrado de candidatura ao Senado negado pelo Tribunal Regional Eleitoral.