A pandemia do novo coronavírus ceifou pelo menos 12 milhões de empregos no Brasil e o cenário para o futuro indica a necessidade do prolongamento das ações de auxílio emergencial à população e de incentivo às empresas. Assim entendem especialistas que participaram nesta quinta-feira, 24, de uma live destinada a debater “Economia & Emprego – Desafios da Retomada”, promovida pelo canal do senador Wellington Fagundes no YouTube.
Mesmo Mato Grosso, único Estado a registrar índices positivos de arrecadação de ICMS no segundo trimestre, período em que pandemia mais atacou o país, os convidados consideram que seja fundamental a ampliação de programas e projetos específicos, obedecendo a vocação econômica, que são atividades relacionadas à produção.
“Fomos um dos últimos países a ser atacado pelo vírus. Mas a politização atrapalhou o Brasil a se preparar para enfrentar a pandemia. Perdemos dois meses com discussões envolvendo o presidente e governadores” – lembrou o senador Wellington Fagundes (PL-MT).
Em sua apresentação, Fagundes lamentou a demora pelo Governo para concluir que não havia outra alternativa de enfrentamento a pandemia que não fosse garantir sobrevivência das pessoas, incluindo os empregos. Ele relatou as diversas medidas do Congresso Nacional, como a ajuda emergencial de R$ 600,00 as pessoas desempregadas que vivem de empregos informais, passando pelo apoio às empresas, com aprovação de projetos destinados a garantir financiamentos as micro e pequenas empresas – que também demorou a chegar na ponta.
Apesar dos números elevados de casos de contaminação e óbitos, os participantes concordaram que são necessárias, imediatamente, a estruturação de medidas que possam assegurar, quando possível, uma rápida retomada das atividades econômicas. Atualmente, Mato Grosso tem se notabilizado como epicentro dos casos de contaminação pelo vírus.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, por exemplo, disse que o Governo do Estado já vinha acentuando ações desenvolvimentistas antes da pandemia e que agora deverão ter ênfase no Programa “MT Maior e Melhor”, que visa o desenvolvimento sustentável a partir dos incentivos a industrialização. Miranda defendeu de forma enfática um amplo projeto desburocratização nacional.
“É preciso dizer que as dificuldades para quem quer empreender, gerar emprego, são gigantes. Precisamos desburocratizar este país e dar oportunidades iguais para todos” – ele frisou.
Assim como Miranda, o secretário de Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Dalcolmo, concorda que a solução para gerar emprego está na retomada forte da economia. Ele citou as reformas estruturais como sinais fundamentais para que o Brasil possa captar investimentos internacionais. Ele enfatizou que está trabalhando na consolidação das instruções normativas que regem o trabalho, transformando dois mil atos em apenas 10 documentos. “Vamos simplificar todo esse calhamaço” – disse.
Para Maurício Munhoz, economista vencedor do prêmio Celso Furtado de Economia 2017-2018, um dos fatores que poderá ser determinante é a reforma tributária. Numa análise sobre o conteúdo da primeira fase da proposta entregue ao Congresso Nacional, Munhoz considerou satisfatórias as medidas, mas deixou claro que é preciso avançar sobre a redução da carga tributária sobre o consumo. “Eu espero que continue avançando e seja ousada” – disse.
O sindicalista Nilson José Macedo, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), cujo setor integra um dos pilares da estrutura econômica de Mato Grosso, destacou, por sua vez, que a Covid-19 atacou, fundamentalmente, a agricultura familiar no Estado. Ele disse que há vários entraves burocráticos também e preocupação com o pagamento dos financiamentos.
“Mas, com certeza, em Mato Grosso, a agricultura será um caminho importante para a retomada do emprego” – disse, ao pedir apoio a aprovação do Projeto de Lei 735 sobre medidas emergenciais de amparo aos agricultores familiares do Brasil para mitigar os impactos socioeconômicos da Covid-19.
O debate sobre Economia & Emprego – Hora da Retomada” foi a quarta da série produzida pelo Canal WF no YouTube, transmitido de forma simultânea também pelas plataformas digitais Instagram e Facebook. Anteriormente, se debateu o papel da UFR na Pandemia, Violência contra as Mulheres, e, na semana passada, a Vida dos Idosos.