Funk anuncia mortes e provoca onda de homicídios em Peixoto de Azevedo; vídeo

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Uma sequência de crimes chocou o município de Peixoto de Azevedo (673 km de Cuiabá) nesta semana, expondo uma violenta guerra entre facções criminosas que teve um elemento incomum como estopim: um funk que anunciava publicamente os alvos a serem executados.

A onda de violência começou na noite de quarta-feira (03), poucas horas após a circulação de uma música nas redes sociais e em grupos de WhatsApp. A letra do funk, atribuída ao Comando Vermelho (CV), citava nominalmente supostos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) na cidade, prometendo que eles iriam “morrer” levando “rajada de G3” – uma referência a um fuzil de assalto, e não a um modelo de carro.

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Ameaça Cantada se Torna Realidade

A ameaça não demorou a se concretizar. Naquela noite, dois jovens foram executados a tiros dentro de um bar na Rua Frederico Campos, no Centro Antigo. As vítimas foram identificadas como Alice do Nascimento Torres, de 20 anos, conhecida como “Japa”, e Railson da Silva Fernandes, de 28 anos.

Testemunhas relataram que os criminosos chegaram em um Chevrolet Celta branco. O passageiro desceu armado, levou Japa para dentro do estabelecimento e efetuou os disparos. Na saída, atirou contra Railson, que foi atingido por aproximadamente oito projéteis de calibre .380. Alice, que era integrante do Comando Vermelho e usava tornozeleira eletrônica, morreu no local. Railson foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Investigações iniciais apontam que Railson foi morto por engano; o alvo real seria o irmão de Japa.

Violência atinge velório e ceifa mais uma vida

O ciclo de violência não parou com o duplo homicídio. Na madrugada de sexta-feira (05), durante o velório de Alice, criminosos invadiram a residência no bairro Aeroporto onde o corpo da jovem velava.

Os suspeitos chegaram em um Volkswagen Gol preto. O passageiro desceu armado e foi em direção a Rikelme Torres de Matos, de 18 anos, vulgo “RK”, irmão de Japa. Ao perceber a ameaça, Rikelme correu para dentro de casa e tentou se defender com uma faca, mas foi alvejado com vários tiros na cabeça, morrendo instantaneamente. Imagens do local mostram o corpo do jovem caído a poucos metros do caixão da irmã.

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Rikelme, que também era apontado como membro do CV, tinha passagens pela polícia por tráfico de drogas e formação de quadrilha. A perícia encontrou no local cápsulas de calibre .380, o mesmo usado no assassinato de sua irmã.

Funk é o epicentro das investigações

A Polícia Civil investiga a hipótese de que todos os crimes estão diretamente ligados à música de funk que viralizou. A letra da música, reproduzida em um programa policial local, incluía trechos como “Corre Pipão, vai chegar a sua vez” e “Sangue frio, caça alemão, dando rajada de G3”, em uma clara demonstração de intimidação e anúncio de execuções.

A sequência de crimes em menos de 48 horas, iniciada com um anúncio musical e culminando em três mortes, deixou a população de Peixoto de Azevedo em estado de choque e medo, temendo uma nova escalada de violência na guerra entre o CV e o PCC. As investigações seguem em andamento para identificar e prender os responsáveis pelos homicídios.

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HNT