Feminicídio matou duas vezes mais que o coronavírus em MT

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No primeiro quadrimestre de 2020 foram registrados 22 feminicídios em Mato Grosso. No mesmo período, o número de mortes por coronavírus no estado foi de 11. Ou seja, os casos de feminicídio mataram no primeiro quadrimestre de 2020, o dobro da covid-19. Uma câmera de segurança registrou o momento que Aline Gomes de Souza, de 20 anos, corre tentando fugir do seu assassino Raony Silva de Jesus, de 27 anos, no estacionamento do condomínio Chapada dos Bandeirantes, no bairro Chácara dos Pinheiros, em Cuiabá. Ela foi morta a golpes de faca, pelo ex-companheiro, na noite da última quinta-feira (2). Leia mais AQUI

Os dados, da Superintendência do Observatório de Violência da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), são considerados preliminares, pois podem ocorrer modificações em alguns casos. Isso porque, após investigação policial e definição de autoria e motivação, podem ser classificados como homicídio doloso.

Esse tipo de crime aumentou 47% em relação ao mesmo período de 2019, quando ocorreram 15 casos. O mês de março foi o que apresentou mais ocorrências este ano: foram sete. Já em março do ano anterior foram dois feminicídios. Os meses de janeiro, fevereiro e abril de 2020 apresentaram cinco casos cada, enquanto em 2019 foram seis, três e quatro, respectivamente.

O Observatório também concluiu o levantamento de homicídios de vítimas femininas (todas as idades), que incluem todas as motivações. De janeiro a abril de 2020 foram registrados 28 casos, contra 31 no mesmo período de 2019 e 30 em 2018. Do total deste ano, um caso ocorreu em Cuiabá e o restante em municípios do interior do Estado.

Entre as motivações estão a passional (57%), a apurar (14%), vingança ou rixa (11%), drogas (7%), fútil (7%), e erro de execução (4%). Quanto ao meio empregado, a arma cortante ou perfurante foi a mais utilizada (54%), seguida de arma de fogo (21%), outros (11%), e arma contundente e força muscular (7% cada).

Com relação às ocorrências envolvendo vítimas femininas de 18 a 59 anos de idade em Mato Grosso, o primeiro quadrimestre deste ano apresentou redução de 14% em relação ao ano passado. Foram feitos 12.707 registros em 2020, enquanto entre janeiro e abril de 2019 foram 14.757. Os crimes de ameaça aparecem com 5.871 casos este ano e 6.889 no ano anterior (-15%), lesão corporal com 3.083 registros agora e 3.356 em 2019 (-8%), e estupro com 123 em 2020 e 130 no ano passado (-5%).

Cuiabá

Na capital, de janeiro a abril deste ano foram registradas 3.120 ocorrências de vítimas femininas de 18 a 59 anos de idade. Já no mesmo período de 2019 foram 3.434, representando -9% em números de registros. O crime de ameaça é o que possui mais casos, com 1.185 (2020) e 1.360 (2019), com redução de 13%. Lesão corporal também apresentou -12% de casos (542 este ano e 614 no ano anterior).

Ainda em Cuiabá, os crimes de assédio sexual e importunação sexual reduziram 50% e 6%, respectivamente. Foram dez registros em 2020 e 20 em 2019 no caso de assédio e 15 este ano e 16 no ano passado, no caso de importunação sexual. Foram dois registros a mais no caso de estupro, passando de 22, no ano anterior, para 24 casos, este ano.

Denúncia e socorro

É importante ressaltar que todos os canais de denúncia e socorro continuam funcionando normalmente, mesmo no período de isolamento social por conta do novo coronavírus (Covid-19). Estão à disposição os disques-denúncia 190, 197, 180 e 181. Além disso, as delegacias (PJC-MT) também estão com atendimento presencial normal, assim como a Patrulha Maria da Penha (PM-MT), que faz rondas para atendimento às vítimas que possuem medida protetiva.

Algumas Delegacias Especializadas de Defesa da Mulher criaram, em função do período de isolamento social, canais para denúncias e atendimento psicológico pelo serviço de WhatsApp. Em Cuiabá, o número (65) 99973-4796 está disponível para as vítimas. Em Várzea Grande, a Delegacia que tem atribuições investigativas de crimes contra vítimas mulheres, crianças e idosas, criou o número (65) 98408-7445 para receber denúncias via WhatsApp.

Fonte: Repórter MT