‘Feliz pela homenagem’, diz Gisele Bündchen sobre onça-pintada batizada com seu nome no Pantanal de MT

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Uma onça-pintada vista pela primeira vez em Mato Grosso recebeu o nome de Gisele, em homenagem à modelo e ambientalista Gisele Bündchen. O primeiro registro do animal foi feito pelo fotógrafo Benjamin James, da Journey with Jaguars, no dia 23 de agosto, no Parque Estadual Encontro das Àguas, no Pantanal Matogrossense.

Ao g1, Gisele disse que ficou feliz pela homenagem e ressaltou a importância do felino para biodiversidade.

“A onça-pintada é um símbolo poderoso da nossa biodiversidade, e fiquei feliz pela homenagem […] A sobrevivência das espécies — e a nossa — depende das escolhas que fazemos hoje”, pontuou.

Segundo a modelo, a preservação da fauna e da flora mato-grossense é uma urgência. Nos últimos meses, o estado foi fortemente atingido por queimadas, e o Pantanal teve mais de 900 mil hectares queimados, conforme levantamento do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ).

Precisamos agir com urgência para reverter os danos causados, promovendo práticas mais sustentáveis e regenerando nossos ecossistemas
— Gisele Bündchen

Escolha do nome

Animal foi fotografado no Parque Estadual Encontro das águas, considerado o maior refúgio das onças-pintadas — Foto: Benjamin James/Journey with Jaguars

Animal foi fotografado no Parque Estadual Encontro das águas, considerado o maior refúgio das onças-pintadas — Foto: Benjamin James/Journey with Jaguars

O fotógrafo Benjamin James, que batizou o animal, disse que escolheu o nome Gisele para o felino como uma forma de chamar atenção para o Pantanal e conseguir mais conscientização para a necessidade de preservação do bioma, que tem a maior planície alagada do mundo.

“Foi incrível. Espetacular [fazer o registro]. Apenas ver uma onça já é incrível, mas ver uma que nunca foi fotografada antes, é algo difícil de colocar em palavras. E o fato de que podemos usar isso como uma maneira de alcançar mais pessoas e trazer conscientização sobre a conservação do Pantanal, sabe, isso também é um bônus. Isso é incrível”, disse.

animal foi catalogado pelo Jaguar ID project, que possibilita ao turista, guia, morador ou pesquisador que “encontra” uma nova onça, a chance de batizá-la. O projeto, que vem monitorando meticulosamente as populações de onças-pintadas no Pantanal desde 2015, busca entender como o fogo e a seca estão ameaçando a sobrevivência dessas majestosas criaturas e do ecossistema em geral.

Como as onças são identificadas?

O Projeto Jaguar ID utiliza ciência cidadã e observações de pesquisadores para construir um banco de dados abrangente, focado nas identidades distintas de onças-pintadas individuais que habitam a região do Pantanal Norte, dentro do Parque Estadual Encontro das Águas.

Com essas onças-pintadas se adaptando à presença humana, o Jaguar ID Project teve a oportunidade de observar e documentar os comportamentos de vários indivíduos. Desde o início dos anos 2000, o projeto vem catalogando onças-pintadas nesta área, utilizando seus padrões de manchas de maneira semelhante à forma como nós, humanos, usamos técnicas de impressão digital.

Refúgio das onças

 

Onça-pintada, terceiro maior felino do mundo. — Foto: Sesc Pantanal

Onça-pintada, terceiro maior felino do mundo. — Foto: Sesc Pantanal

O Parque Estadual Encontro das Águas, onde a onça Gisele foi registrada, contempla o maior número de onças-pintadas, com uma extensão de 108 mil hectares. Os turistas podem passear de barco pelo bioma ao mesmo tempo em que fazem o monitoramento das onças de forma voluntária através de fotos e vídeos de diferentes aparições dos felinos.

Aliado ao ecoturismo, os guias orientam que o melhor momento para se deparar com os animais acontece entre os meses de julho e final de setembro, quando começa o período da seca, o que faz com que os felinos procurem água e, com isso, ficam expostos às margens dos rios, sendo possível vê-los de uma distância segura.

Pantanal em chamas

 

Fogo, desidratação e fome são as principais causas das mortes de animais no Pantanal — Foto: Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad)

Fogo, desidratação e fome são as principais causas das mortes de animais no Pantanal — Foto: Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad)

A área destruída no Pantanal representa 6% de todo o território pantaneiro. Vídeo acima explica o motivo de ser tão difícil combater o fogo no bioma.

Um relatório do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad) enviado ao g1 mostrou que o fogo descontrolado tem acertado em cheio nos animais silvestres, que estão morrendo queimados, de fome ou desidratação.

Conforme o documento, desde o dia 15 de julho até o dia 1° de setembro, aproximadamente 900 vertebrados já foram monitorados pelo grupo, sendo que 55,6% eram aves (500), 22,8% mamíferos (205) e 21,6% répteis (194).

Do número acima, foram encontrados diversos animais que estão na lista de ameaçados de extinção. Deles, 154 estão em perigo, o que representa 17,1% do total. Desses, 54,5% são Mutuns-de-Penacho, que estão vulneráveis; 16,2% são antas, também vulneráveis; 11% são Cervos-do-Pantanal; 3,9% são macacos-Prego-de-Azara; 3,2% são tamanduás-bandeiras; 3,2% são onças-pintadas; 2,6% são bicudos; e 2,1% são queixadas.

Fonte: G1 MT